Estivemos em Caxias em 1968, para três
apresentações, ainda sob a orientação de meu pai Alberto Ribeiro da Silva (in
memoriam). Foi uma temporada marcante em nosso início profissional. Recebemos
muitos elogios, os bailes foram empolgantes! A primeira festa realizada na
União Artística Caxiense, depois na Associação Atlética do Banco do Brasil
(AABB) e por último no Balneário Veneza. Fizemos uma rápida apresentação na
residência do prefeito local, que nos recebeu para um jantar. A presença de fãs
foi uma constante, inclusive com solicitação de autógrafos e fotografias. Naquela
época participavam do Conjunto Big Brasa o Carló, Adalberto, Edson, Severino,
Getúlio e João Ribeiro.
Nota da
imprensa local sobre essa temporada dizia:
“Encontra-se em nossa cidade, procedente de
Fortaleza, o vitorioso Conjunto Musical Big Brasa, em excursão artística de
divulgação da música moderna. Composto de cinco músicos, todos
pré-universitários, membros de destacadas famílias da sociedade alencarina, os
jovens intérpretes do iê-iê-iê estrearam ontem em animado baile realizado na
sede da União Artística Operária Caxiense, quando tiveram oportunidade de
empolgar os numerosos convidados com uma verdadeira apoteose de sons e ritmos,
que bem os recomendam como um dos melhores conjuntos do gênero que nos têm
visitado. Além de ser equipado com um instrumental dos mais modernos, o
conjunto agrada e faz vibrar a todos pela vivacidade que executa o seu variado
repertório”.
Imaginem que o Conjunto Big Brasa ainda usava amplificadores de pequena potência e a velha bateria. Apenas as guitarras já tinham sido substituídas por outras mais modernas, de marcas Gianinni e Phelpa, modelos “Apache” e “Coronado”.
- Um
verdadeiro “ladrão” na guitarra
Em Caxias, fiquei conhecendo algumas das
diversas expressões usadas pelos maranhenses. Durante um dos intervalos das
festas que o Big Brasa tocava, um grupo de pessoas estava reunido em torno da
mesa reservada para o conjunto, quando ouvi uma delas dizer para a minha mãe, o
seguinte:
- Minha
Senhora, o seu filho é um verdadeiro “ladrão” na guitarra!
Fiquei prestando atenção no que ele dizia,
percebendo que se referia à maneira que eu tocava a guitarra, principalmente
por ter usado, em um improviso, um efeito interessante, tirado com a utilização
de um copo, passando pelas cordas, cujo som se assemelhava ao de uma guitarra
havaiana.
O que de outra forma seria uma qualificação
triste, para se ouvir a respeito de um filho, para ela, a Dona Zisile, soou
como música, pois o emprego da palavra “ladrão”, nesse caso significava uma
pessoa que executava bem aquele instrumento, um “craque” em sua arte. Uma
expressão muito usada pelos maranhenses.