terça-feira, 20 de dezembro de 2016

As festas tocadas em Caxias, Maranhão, pelo Conjunto Big Brasa


Estivemos em Caxias em 1968, para três apresentações, ainda sob a orientação de meu pai Alberto Ribeiro da Silva (in memoriam). Foi uma temporada marcante em nosso início profissional. Recebemos muitos elogios, os bailes foram empolgantes! A primeira festa realizada na União Artística Caxiense, depois na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) e por último no Balneário Veneza. Fizemos uma rápida apresentação na residência do prefeito local, que nos recebeu para um jantar. A presença de fãs foi uma constante, inclusive com solicitação de autógrafos e fotografias. Naquela época participavam do Conjunto Big Brasa o Carló, Adalberto, Edson, Severino, Getúlio e João Ribeiro.

Nota da imprensa local sobre essa temporada dizia:

“Encontra-se em nossa cidade, procedente de Fortaleza, o vitorioso Conjunto Musical Big Brasa, em excursão artística de divulgação da música moderna. Composto de cinco músicos, todos pré-universitários, membros de destacadas famílias da sociedade alencarina, os jovens intérpretes do iê-iê-iê estrearam ontem em animado baile realizado na sede da União Artística Operária Caxiense, quando tiveram oportunidade de empolgar os numerosos convidados com uma verdadeira apoteose de sons e ritmos, que bem os recomendam como um dos melhores conjuntos do gênero que nos têm visitado. Além de ser equipado com um instrumental dos mais modernos, o conjunto agrada e faz vibrar a todos pela vivacidade que executa o seu variado repertório”.


Imaginem que o Conjunto Big Brasa ainda usava amplificadores de pequena potência e a velha bateria. Apenas as guitarras já tinham sido substituídas por outras mais modernas, de marcas Gianinni e Phelpa, modelos “Apache” e “Coronado”.

- Um verdadeiro “ladrão” na guitarra

Em Caxias, fiquei conhecendo algumas das diversas expressões usadas pelos maranhenses. Durante um dos intervalos das festas que o Big Brasa tocava, um grupo de pessoas estava reunido em torno da mesa reservada para o conjunto, quando ouvi uma delas dizer para a minha mãe, o seguinte:

- Minha Senhora, o seu filho é um verdadeiro “ladrão” na guitarra!

Fiquei prestando atenção no que ele dizia, percebendo que se referia à maneira que eu tocava a guitarra, principalmente por ter usado, em um improviso, um efeito interessante, tirado com a utilização de um copo, passando pelas cordas, cujo som se assemelhava ao de uma guitarra havaiana.

O que de outra forma seria uma qualificação triste, para se ouvir a respeito de um filho, para ela, a Dona Zisile, soou como música, pois o emprego da palavra “ladrão”, nesse caso significava uma pessoa que executava bem aquele instrumento, um “craque” em sua arte. Uma expressão muito usada pelos maranhenses.