O
Conjunto Big Brasa esteve presente em muitos municípios cearenses, para animar
festas de inauguração, bailes de formatura e outros eventos, nos quais sempre
foi muito bem recebido. Em quase todas as oportunidades encontrávamos faixas e
cartazes pela cidade ou em frente ao clube local, dando boas-vindas ao
conjunto, além da recepção feita pelas fãs e curiosos.
O sucesso nas cidades interioranas, sem tirar
os méritos e a qualidade do próprio conjunto, deve ser creditado também à enorme
divulgação realizada através dos programas de televisão que o Big Brasa
participava, pela TV Ceará, Canal 2, dos Diários e Emissoras Associados. Nossa
imagem chegava diariamente em todos os municípios e até outros estados, como o
Piauí, através de antenas repetidoras!
Dentre os municípios cearenses que o Conjunto
Big Brasa se apresentou, sendo que em alguns deles muitas vezes, lembro dos
seguintes: Aquiraz, Aracati, Baturité, Canindé, Cascavel, Caucaia, Crateús,
Guaiúba, Horizonte, Iguatu, Ipueiras, Itapajé, Itapipoca, Jaguaruana,
Maracanaú, Maranguape, Massapê, Mombaça, Nova Russas, Pacajus, Pacatuba,
Pacoti, Pindoretama, Quixadá, Quixeramobim, Redenção, Russas, São Benedito,
Sobral, Tianguá, Umirim e Várzea Alegre.
Nas cidades do interior a rotina praticamente
era idêntica quando chegávamos: encontrar o endereço do clube ou o local da
apresentação, retirar todo o equipamento dos transportes e montar tudo,
deixando os instrumentos no ponto para a festa, com os amplificadores e caixas
devidamente testados, guitarras afinadas, tudo de maneira que a gente pudesse
chegar apenas a alguns minutos do início da função. Em seguida o grupo ia tomar
banho, jantar e nos arrumar para o retorno ao clube. No podíamos demorar nessas
etapas para não perder o horário. Aí é
que vem a responsabilidade. Eu controlava o pessoal, ficando de olho
para que ninguém se atrasasse.
As hospedagens sempre foram simples, mesmo
porque o interior do Ceará, exceções à parte, na época no possuam bons hotéis
ou pousadas. Na maioria dos contratos o conjunto se hospedava em um pequenos
hotéis ou pensões de classificação “sem estrelas”, onde nos preparávamos para o
baile. Nestes momentos vale dizer que a descontração de todos, as brincadeiras
entre os integrantes, tudo aquilo muito divertido e que trás saudades! Todas as
viagens do conjunto eram sempre animadas em razão do alto astral da turma.
Depois dos bailes, quando o grupo estava de volta para Fortaleza, elas se
tornavam cansativas, pelo percurso e acomodação nos transportes, além do
esforço natural pela noite de trabalho. Para quem dirigia a responsabilidade
era bem maior.
Durante toda a existência do Big Brasa
consegui manter a liderança sobre o grupo de forma bem democrática. Na
realidade eu nunca me senti dono do conjunto e sim um guitarrista e companheiro
dos demais integrantes. Nos momentos em que tive que tomar decisões difíceis,
em nome do Big Brasa, nunca hesitei em tomá-las. Quando o assunto envolvia todo
o pessoal a turma era consultada, para decidir sempre com base na maioria.
- A festa em São Benedito
Este episódio tem por objetivo enfatizar as
dificuldades nos deslocamento do Conjunto Big Brasa. Primeiramente por não ser
uma empresa bem estruturada, pois não havia isso naquela época nos conjuntos
musicais cearenses tínhamos que exercer vários papéis e funções. Vejamos:
Lembro-me de um contrato do Big Brasa para a
cidade de São Benedito, a uns 350 quilômetros de Fortaleza, na Serra de
Ibiapaba. Foi uma das mais cansativas funções musicais que enfrentamos,
exigindo de todos muito preparo físico, psicológico e mental. O conjunto tinha
tocado na noite anterior em Fortaleza. Nosso equipamento passou a noite na
Kombi, preparado para a viagem e a nova batalha. Acordamos no dia seguinte e
depois de termos almoçado cedo, por volta das onze horas da manhã, seguimos
viagem. Eu dirigi a Kombi naquele dia. Depois de mais ou menos umas sete horas
de viagem, sem nenhum problema, conseguimos chegar a nosso destino. Ao chegar
montamos imediatamente o instrumental no clube (nestas ocasiões todo mundo
tinha que virar bigu, pois este sozinho não daria conta do recado a tempo).
Muitos equipamentos para desmontar, instalar, fios e cabos para ligar, testar o
som dos amplificadores, afinar guitarras etc. Quando tudo estava pronto saímos
para tomar um banho e jantar, também de forma rápida, para iniciarmos o baile no
horário previsto. Ao retornar para o clube, tudo estava certinho com os
instrumentos e a festa inteira transcorreu sem anormalidades. Ao final da festa
o inverso: a desmontagem de tudo e a viagem de volta. Todo mundo cansado,
dormindo e eu com atenção redobrada ao volante. Daquela vez passei mais de
trinta horas ligado direto, sem dormir, um verdadeiro risco.
Hoje reconheço que todos nós passamos por um
verdadeiro perigo, pelo fato de voltar dirigindo depois de uma noite toda
acordado. Meu anjo da guarda estava ao meu lado, mais uma vez...
- Em
Várzea Alegre
A mobilização do Big Brasa para cumprir este
contrato foi intensa. O grupo tinha se apresentado na noite anterior em
Fortaleza, salvo engano no Clube Líbano. Depois da festa, com os instrumentos e
material arrumados nos transportes descansamos algumas horas e partimos para
Várzea Alegre em nossa Rural e também com a Kombi do Big Brasa, em uma viagem
longa e cansativa. A festa seria uma Formatura. Com início previsto para as 22
horas, acabamos começando a tocar quase meia-noite por conta do atraso dos
concludentes. E eu, como responsável pelo conjunto sempre avisava para o
presidente do clube que seria bom iniciar logo, porque a duração do baile era
de cinco horas e eles poderiam perder com aquela demora. A resposta foi
imediata: o diretor do colégio que nos contratara disse, de forma grosseira e
gesticulando bastante: “As cinco horas vão ser contadas por este relógio aqui
(apontando para o dele) e o dinheiro para o pagamento do conjunto está aqui em
meu bolso”... Levei aquele recado para os outros músicos e chegamos à conclusão
de que tínhamos que esperar mesmo e aturar o posicionamento do diretor para
evitar qualquer problema que viesse a nos prejudicar. É o velho ditado se
confirmava: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Mesmo com o início
retardado a festa foi muito boa e quase amanhecemos o dia, para voltar
imediatamente para Fortaleza para mais um evento.
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