terça-feira, 22 de agosto de 2017

O BIG BRASA E OS FARAÓS



O conjunto “Os Faraós” foi um dos grupos de rock de muito sucesso em Fortaleza e que deixou fortes e boas lembranças na memória de todos nós, pela boa música que tocavam. O conjunto foi formado em 1968, no bairro Piedade, em Fortaleza. Era formado por quatro irmãos: Luisinho Magalhães, Sebastião, Vicente e Antônio e tinha uma marca característica: repertório quase que totalmente direcionado para músicas em inglês. Sempre muito bem ensaiado, possuía um vocal muito bom e apurava seus arranjos de forma a ficarem idênticos aos originais. Seu líder era o habilidoso guitarrista-solo Luisinho Magalhães, também possuidor de uma magnífica voz. O som dos “Faraós” era inconfundível. O meu pai, Alberto Ribeiro, futuramente viria a afirmar na festa “20 Anos de Embalo”, oportunidade em que nós estávamos juntos, que gostava mais dos Faraós do que dos Beatles! E justificou sua afirmação em público, no Balneário Clube de Messejana e também para o Luisinho Magalhães, explicando que “ouvia os Beatles com a razão e os Faraós com o coração”. Era um conjunto que, apesar da natural concorrência, fazia parte da Família Big Brasa. Fato comprovado pela nossa amizade e admiração recíproca que mantemos até hoje.
Contingências da vida! Houve uma época em Os Faraós estavam um pouco desmobilizados e as condições do mercado não estavam favoráveis, pela existência de uma grande quantidade de conjuntos em Fortaleza, além das inúmeras discotecas que invadiram a cidade com som mecânico, tomando o campo de trabalho dos músicos.
Não foi bem uma sociedade, com contrato escrito. Mas si uma solução perfeita para ambas as partes, tendo em vista que o Conjunto Big Brasa tinha encerrado suas atividades há pouco tempo e eu estava com todo o material, equipamentos e acessórios do grupo!
A minha participação no Conjunto Os Faraós como tecladista mudou a sonoridade característica e de certo modo enriqueceu musicalmente o grupo, pelo fato do teclado aumentar as possibilidades de arranjos e de estilo de repertório. Como eu conhecia bem o estilo do Luisinho Magalhães e vice-versa, fazíamos inúmeros duelos entre teclado e guitarra, com sons muito interessantes.     
Foram inúmeros os bailes e shows que participei nessa temporada com “Os Faraós” entre os anos de 1973 e 1977. No palco sempre havia muita potência de som, volume alto, jogo de luzes e efeitos diversos que eram experimentados a cada tempo. Com o amigo Brito (in memoriam) que era eletricista da TV Educativa, montamos uma mesa controladora de luzes e de efeitos que comandava inclusive a explosão das chamadas “bombas de fumaça”, também criadas por nós. Eram caixas retangulares de madeira com fusíveis de pedaços de fio, nas quais colocávamos, a princípio, somente pequena quantidade de pólvora e incenso.
Quanto às luzes, chegamos a utilizar grande quantidade de lâmpadas estroboscópicas distribuídas pelo palco, mais dezesseis refletores coloridos. Em algumas oportunidades usamos também gelo seco, para produzir aquela cortina de fumaça branca que ficava espalhada por todo o ambiente. Dia a dia criávamos mais novidades e o pessoal gostava muito.
A mistura desses efeitos com o pesadíssimo som que tirávamos era sensacional e impressionante. Nós tínhamos muito cuidado na preparação dos efeitos, principalmente das bombas de fumaça, para que não houvesse acidentes. Nossos maiores embalos sem dúvida foram realizados no Memphis Club, no bairro Antônio Bezerra. Eram festas animadíssimas, descontraídas, o público gostava demais do conjunto e vibrava com o nosso som e efeitos apresentados.
Em minha participação nos Faraós, apesar da responsabilidade pelos eventos ser do Luisinho Magalhães eu sempre me preocupava muito com tudo, inclusive com a montagem do instrumental e demais acessórios. O Sérgio Alves, anteriormente bigu do Big Brasa, passou a nos acompanhar e muito nos ajudou também nesse período. Fazia tudo com boa vontade, mesmo sabendo que para desmontar toda a fiação no final de cada baile, mais de duzentos metros de fios e cabos tinham que ser dobrados e guardados, além das pesadíssimas caixas de som, amplificadores e acessórios diversos.

Guardo ótimas recordações desse período em que integrei “Os Faraós” e tive o prazer de compor este conjunto como o quinto músico, desta vez como tecladista e fazendo duelos de solos com o amigo Luisinho Magalhães, contribuindo com um pouco de minha experiência para mais esta vivência musical. Nossa convivência e relacionamento foram excelentes. Sempre admirei Luisinho como solista e como cantor e sentia que a recíproca era verdadeira, mesmo sendo concorrentes quando existiam o Big Brasa e Os Faraós, sem deixar de sermos amigos. Hoje em dia mantemos os mesmos laços de amizade e de admiração. E o Luisinho Magalhães ainda continua brilhantemente na Música, ocupando uma merecida posição de destaque em todo o Ceará.

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