terça-feira, 22 de agosto de 2017

O PROGRAMA “SHOW DO MERCANTIL”


Como era o Programa Show do Mercantil, do qual o Conjunto Big Brasa participou por quase sete anos? Levado ao ar aos sábados, pela extinta TV Ceará, Canal 2, da Rede Tupi de Televisão, quase sempre apresentava muitos quadros interessantes e de bom conteúdo. Durante muito tempo a apresentação do referido programa, no auditório da TV Ceará, teve como pano de fundo o Conjunto Big Brasa. Assim, qualquer que fosse a atração a nossa imagem estava a aparecer na televisão, fato que contribuiu de forma significativa para nossa maior divulgação no interior do Estado. No decorrer dos programas o Augusto Borges frequentemente se dirigia ao Big Brasa, fazendo um comentário ou simplesmente brincando com algum de nossos componentes. Desse modo nossa imagem se propagou rapidamente e nos tornamos muito conhecidos pelo público em geral.



- A seleção de calouros

A participação musical do Big Brasa no Show do Mercantil tinha início às noites das quartas-feiras, quando eu fazia uma seleção de calouros para se apresentar no programa seguinte, na qualidade de produtor musical. Funcionava assim: no auditório da TV Ceará os candidatos chegavam cedo e o ensaio era iniciado por volta das 20:00 horas. Ao lado do palco, ao piano ia chamando os calouros por ordem de chegada e perguntava-lhes o que gostariam de ensaiar. Depois do acompanhamento de cada candidato, fazia algumas anotações para escolher os melhores e fazer o anúncio dos aprovados ao final, aqueles que se apresentariam no programa do sábado seguinte. Em cada ensaio eu ouvia em média trinta candidatos para escolher apenas quatro, estes que ensaiariam na sexta-feira com todo o conjunto.

Um ensaio ensaio-geral era realizado às sextas-feiras, quando o roteiro do programa ficava pronto. O conjunto Big Brasa ensaiava com as músicas com os calouros com introduções, até que ficassem no ponto para o programa. Alguns deles ainda erravam algum detalhe no sábado, motivados pelo nervosismo. Depois desse ensaio as entradas das músicas eram repassadas de forma muito rápida, no sábado, pouco antes do início do programa, apenas para relembrar.

Vários foram os artistas cearenses que o Conjunto Big Brasa acompanhou, alguns cearenses e outros deles de fora do Estado, a maioria famosos e com projeção nacional. Foram quase sete anos com atrações todos os sábados. Em muitos desses programas cantores de fora, quase sempre vindos do sul do País. A seguir estão listados alguns deles, em ordem alfabética: Adriano (Francisco de Assis), Carlos Imperial, Belchior, Cauby Peixoto, Cláudia Barroso, Demétrius, Dóris Monteiro, Ednardo, Jorge Melo, Luís Vieira, Mardonio, Márcio Greick, Pablo Sebastian, Pekin, Rodger, Sandra Sá, Wanderley Cardoso, dentre outros. O próprio Roberto Carlos chegou a se apresentar no programa, acompanhado do também famoso “RC7”, a sua espetacular banda musical. Eduardo Araújo e Silvinha da mesma forma. 

- Nosso encontro com o Rei do Baião

Em um dessas tardes de sábado, o Big Brasa estava preparado. Com o auditório da televisão lotado, o programa naquele dia apresentaria muitas atrações. A produção musical, sob minha responsabilidade, tinha preparado alguns novos cantores da terra, selecionados entre aqueles que tinha sido calouros. Além disso apresentaria o próprio quadro de calouros e alguns números do Conjunto Big Brasa, músicas de sucesso recentemente ensaiadas.  Para aquele dia, a produção do programa, através de diversas chamadas (comerciais do programa exibidos durante a programação durante a semana) tinha anunciado uma grande surpresa para o público.

No início do programa o Augusto Borges adiantou a atração, que seria o famoso compositor e músico Luiz Gonzaga, nada menos do que o Rei do Baião, como ficou conhecido internacionalmente. Durante os intervalos saíamos do palco para a ante-sala do programa. Nesse dia estávamos também querendo ver de perto o Rei do Baião. De repente em uma desses intervalos nos deparamos com o próprio Luiz Gonzaga, calmamente sentado com sua sanfona, aguardando a vez de sua apresentação. O meu pai Alberto Ribeiro, muito entusiasmado com aquele encontro, pois era um dos fãs daquele artista, disse para o pessoal do conjunto, na frente do Luiz Gonzaga, em tom de brincadeira: “Vocês deveriam se perfilar em homenagem a este grande artista”, referindo-se ao Luiz Gonzaga. Ele permaneceu sentado e, sorrindo bastante para nós, respondeu: “deixe os meninos, que eles estão na deles”...  E naquele instante todos nós cumprimentamos o famoso Rei do Baião, com satisfação por mais aquele encontro com gente famosa. Naquele momento o Luiz Gonzaga deixou a impressão, para mim, de ser um artista extremamente simples e simpático, além naturalmente de tudo aquilo que produziu em seu inestimável legado musical.

O Conjunto Big Brasa quase sempre apresentava um número na abertura e mantinha algumas músicas para preencher alguma lacuna. Acompanhava a apresentação dos calouros e praticamente todos os cantores que vinham do Sul do País para temporadas em Fortaleza. Adquirimos muita experiência musical por causa disso. Tínhamos mesmo que ter bastante prática para pegar rapidamente os acompanhamentos das músicas. Ou então tê-las ouvido com antecedência para fazer as harmonias na hora do ensaio. E depois memorizar tudo para não falhar durante o programa, que era transmitido sempre ao vivo.

Sempre havia muita movimentação no Show do Mercantil. Auditório lotado, muita gente mesmo. Nos bastidores do mesmo jeito. Quem conhecia as dependências da TV Ceará, com seus corredores amplos, sabia como chegar ao auditório do programa por dentro. E muitas vezes tudo ficava meio tumultuado, com o pessoal querendo ver os artistas.
Na verdade eu sempre tinha que estar muito atento durante o programa para que tanto a minha participação como produtor musical e a do Conjunto Big Brasa fossem sempre exemplares. Todos os meus amigos de conjunto possuíam o mesmo interesse, senso de responsabilidade e contribuíram significativamente para este sucesso, pelo seu comportamento exemplar nos ensaios e durante os programas.  
- Os operadores de câmeras
Os que trabalharam durante mais tempo conosco foram o Fred e o William, conhecido por “Irmão”. Eles tinham que ter muita agilidade nas operações com seus equipamentos, particularmente no início, com as câmeras RCA, americanas, em preto e branco. As câmeras não possuíam o recurso de aproximação, o “zoom”, tão comum hoje em dia em qualquer filmadora. Na frente de cada câmera existia o que eles chamavam de “torre de lentes”, ou seja, um conjunto de quatro lentes que eles tinham que alternar de acordo com a distância dos objetos em foco. Havia o perigo, por exemplo, de um operador de câmera mudar de lente inadvertidamente, quando a sua câmera estivesse “no ar” - a chamada falha técnica.
- A equipe de produção        
O programa, durante os quase sete anos que o Big Brasa participou, era produzido pelo Tertuliano Siqueira, Oliveira Martins e seus auxiliares. Tinham boas ideias. Produzir e dirigir um programa de televisão semanal em Fortaleza, com duas horas e meia de duração não é fácil. A produção tem que se virar para conseguir material e atrações. Entrevistas diversas, artistas de fora do Estado e curiosidades, como o quadro “Fora de Série” faziam parte do show.
- A distribuição das sacolas e brindes

Um dos momentos que mais agradava ao público presente no auditório, que ficava bastante agitado, era quando o Augusto Borges mandava distribuir as sacolas do Mercantil São José, sempre recheadas com diversos produtos de qualidade. O Mercantil (patrocinador do programa) encaminhava para a TV Ceará uma porção de mantimentos para serem acondicionados em sacolas e distribuídos ao público no decorrer dos programas. Além do público os participantes do Big Brasa, bigus, técnicos e o pessoal da produção também eram premiados com o brinde do mercantil. 

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