terça-feira, 22 de agosto de 2017

O CONJUNTO BIG BRASA PELO INTERIOR DO CEARÁ


O Conjunto Big Brasa esteve presente em muitos municípios cearenses, para animar festas de inauguração, bailes de formatura e outros eventos, nos quais sempre foi muito bem recebido. Em quase todas as oportunidades encontrávamos faixas e cartazes pela cidade ou em frente ao clube local, dando boas-vindas ao conjunto, além da recepção feita pelas fãs e curiosos.

O sucesso nas cidades interioranas, sem tirar os méritos e a qualidade do próprio conjunto, deve ser creditado também à enorme divulgação realizada através dos programas de televisão que o Big Brasa participava, pela TV Ceará, Canal 2, dos Diários e Emissoras Associados. Nossa imagem chegava diariamente em todos os municípios e até outros estados, como o Piauí, através de antenas repetidoras!

Dentre os municípios cearenses que o Conjunto Big Brasa se apresentou, sendo que em alguns deles muitas vezes, lembro dos seguintes: Aquiraz, Aracati, Baturité, Canindé, Cascavel, Caucaia, Crateús, Guaiúba, Horizonte, Iguatu, Ipueiras, Itapajé, Itapipoca, Jaguaruana, Maracanaú, Maranguape, Massapê, Mombaça, Nova Russas, Pacajus, Pacatuba, Pacoti, Pindoretama, Quixadá, Quixeramobim, Redenção, Russas, São Benedito, Sobral, Tianguá, Umirim e Várzea Alegre.

Nas cidades do interior a rotina praticamente era idêntica quando chegávamos: encontrar o endereço do clube ou o local da apresentação, retirar todo o equipamento dos transportes e montar tudo, deixando os instrumentos no ponto para a festa, com os amplificadores e caixas devidamente testados, guitarras afinadas, tudo de maneira que a gente pudesse chegar apenas a alguns minutos do início da função. Em seguida o grupo ia tomar banho, jantar e nos arrumar para o retorno ao clube. No podíamos demorar nessas etapas para não perder o horário. Aí é  que vem a responsabilidade. Eu controlava o pessoal, ficando de olho para que ninguém se atrasasse.

As hospedagens sempre foram simples, mesmo porque o interior do Ceará, exceções à parte, na época no possuam bons hotéis ou pousadas. Na maioria dos contratos o conjunto se hospedava em um pequenos hotéis ou pensões de classificação “sem estrelas”, onde nos preparávamos para o baile. Nestes momentos vale dizer que a descontração de todos, as brincadeiras entre os integrantes, tudo aquilo muito divertido e que trás saudades! Todas as viagens do conjunto eram sempre animadas em razão do alto astral da turma. Depois dos bailes, quando o grupo estava de volta para Fortaleza, elas se tornavam cansativas, pelo percurso e acomodação nos transportes, além do esforço natural pela noite de trabalho. Para quem dirigia a responsabilidade era bem maior.

Durante toda a existência do Big Brasa consegui manter a liderança sobre o grupo de forma bem democrática. Na realidade eu nunca me senti dono do conjunto e sim um guitarrista e companheiro dos demais integrantes. Nos momentos em que tive que tomar decisões difíceis, em nome do Big Brasa, nunca hesitei em tomá-las. Quando o assunto envolvia todo o pessoal a turma era consultada, para decidir sempre com base na maioria.

- A festa em São Benedito

Este episódio tem por objetivo enfatizar as dificuldades nos deslocamento do Conjunto Big Brasa. Primeiramente por não ser uma empresa bem estruturada, pois não havia isso naquela época nos conjuntos musicais cearenses tínhamos que exercer vários papéis e funções. Vejamos:

Lembro-me de um contrato do Big Brasa para a cidade de São Benedito, a uns 350 quilômetros de Fortaleza, na Serra de Ibiapaba. Foi uma das mais cansativas funções musicais que enfrentamos, exigindo de todos muito preparo físico, psicológico e mental. O conjunto tinha tocado na noite anterior em Fortaleza. Nosso equipamento passou a noite na Kombi, preparado para a viagem e a nova batalha. Acordamos no dia seguinte e depois de termos almoçado cedo, por volta das onze horas da manhã, seguimos viagem. Eu dirigi a Kombi naquele dia. Depois de mais ou menos umas sete horas de viagem, sem nenhum problema, conseguimos chegar a nosso destino. Ao chegar montamos imediatamente o instrumental no clube (nestas ocasiões todo mundo tinha que virar bigu, pois este sozinho não daria conta do recado a tempo). Muitos equipamentos para desmontar, instalar, fios e cabos para ligar, testar o som dos amplificadores, afinar guitarras etc. Quando tudo estava pronto saímos para tomar um banho e jantar, também de forma rápida, para iniciarmos o baile no horário previsto. Ao retornar para o clube, tudo estava certinho com os instrumentos e a festa inteira transcorreu sem anormalidades. Ao final da festa o inverso: a desmontagem de tudo e a viagem de volta. Todo mundo cansado, dormindo e eu com atenção redobrada ao volante. Daquela vez passei mais de trinta horas ligado direto, sem dormir, um verdadeiro risco.
Hoje reconheço que todos nós passamos por um verdadeiro perigo, pelo fato de voltar dirigindo depois de uma noite toda acordado. Meu anjo da guarda estava ao meu lado, mais uma vez...

- Em Várzea Alegre


A mobilização do Big Brasa para cumprir este contrato foi intensa. O grupo tinha se apresentado na noite anterior em Fortaleza, salvo engano no Clube Líbano. Depois da festa, com os instrumentos e material arrumados nos transportes descansamos algumas horas e partimos para Várzea Alegre em nossa Rural e também com a Kombi do Big Brasa, em uma viagem longa e cansativa. A festa seria uma Formatura. Com início previsto para as 22 horas, acabamos começando a tocar quase meia-noite por conta do atraso dos concludentes. E eu, como responsável pelo conjunto sempre avisava para o presidente do clube que seria bom iniciar logo, porque a duração do baile era de cinco horas e eles poderiam perder com aquela demora. A resposta foi imediata: o diretor do colégio que nos contratara disse, de forma grosseira e gesticulando bastante: “As cinco horas vão ser contadas por este relógio aqui (apontando para o dele) e o dinheiro para o pagamento do conjunto está aqui em meu bolso”... Levei aquele recado para os outros músicos e chegamos à conclusão de que tínhamos que esperar mesmo e aturar o posicionamento do diretor para evitar qualquer problema que viesse a nos prejudicar. É o velho ditado se confirmava: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Mesmo com o início retardado a festa foi muito boa e quase amanhecemos o dia, para voltar imediatamente para Fortaleza para mais um evento. 

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