A evolução do Big Brasa ao
longo de sua existência
BIG BRASA – CONJUNTO REVELAÇÃO DE 1971
O Big Brasa foi eleito o “Conjunto Revelação de 1971”. Uma nota sobre o fato, divulgada através da imprensa, na coluna Mudando de Canal, dizia: “Este
é o excelente Conjunto Big Brasa, exclusivo do programa Show do
Mercantil, comandado por Augusto Borges. O Big Brasa foi eleito como o
conjunto revelação do ano, em recente promoção da TV Rádio e Revista.
Constituído por quatro jovens, o conjunto já acompanhou destacados nomes
da música brasileira. Fora da televisão o Big Brasa é um dos mais
solicitados para animar festas em Fortaleza e no interior do Estado”.
O BIG BRASA EM EXCELENTE FASE
Em
1971 o conjunto estava atravessando uma de suas excelentes fases.
Através do Lucius conhecemos o Gilberto, um cara que tocava cuíca em uma Escola de Samba, gente boa e fácil de lidar. Em
todos os bailes, depois do intervalo, quando a festa estava no pique
mesmo, o conjunto mudava seu esquema. O Adalberto largava o teclado e
pegava um surdo; o Sérgio Alves passava de bigu a ritmista, tocando um
ganzá enorme, que produzia um som muito legal; o Gilberto pegava a cuíca
e tome sambão. Todo mundo cantava e parecia muito com esses pagodes de
hoje, bem animados. Fizemos uma seqüência de sambas que podia durar até
mais de uma hora, se quiséssemos. Aí a coisa pegava fogo e o ritmo bem
marcado daquela seqüência de sambas contagiava todo mundo. Quem não era
chegado a música jovem aproveitava para descontar. Nosso visual
contribuía para o sucesso, além da parte musical. Usávamos naquela
temporada uns “blazers” muito bonitos, tudo combinando e super-elegante
mesmo. Minha guitarra nessa época era uma Diamond acústica, muito boa
por sinal.
BIG BRASA – O CONJUNTO MAIS POPULAR DE 1972
Em
1972, o Big Brasa recebeu o Diploma da TV Rádio e Revista e Prefeitura
Municipal de Fortaleza e o troféu “João Dummar”, frutos do Concurso “Os
Melhores do Rádio e da TV”. Efetivamente naquele ano o conjunto manteve
um padrão de qualidade musical constante, fruto de bons e freqüentes
ensaios, equipamentos e instrumental sempre “em cima”. Portanto, com
toda a modéstia, nosso grupo fez por merecer a referida homenagem.
A ENTRADA DOS “METAIS” NO CONJUNTO
Pelo
meu gosto pessoal, desejava que nosso conjunto sempre tivesse
instrumentos de sopro, como piston, saxofone e trombone. Mas em
Fortaleza era muito difícil conseguir músicos jovens, mais ou menos de
nosso nível, para ingressar no Big Brasa. Quando precisávamos dos
“metais” para ocasiões específicas, a saída mesmo era contratar o
pessoal da “velha guarda”, músicos veteranos, quase sempre das bandas de
música da Polícia Militar e da Base Aérea de Fortaleza. Apesar disso
tivemos muitos períodos de sonoridade excelente, com a participação de
“metais”.
O
Big Brasa teve por algumas vezes saxofonistas. O nosso saudoso
Barretinho, ex-integrante do grupo “Os Rataplans”, foi o primeiro a
participar do Big Brasa. De início, teve que nos ensinar várias músicas
nas quais a presença do saxofone era fundamental, de modo a incrementar
nosso som. Esteve no conjunto por uma curta temporada, mas nos
transmitiu muito de sua experiência e enriqueceu nosso repertório com
sua participação. Muito animado, contagiava todo o grupo e fazia
coreografias enquanto tocava seu saxofone.
Mais
tarde tivemos o Cefas, de Ipaumirim, o Silvino e o Assis, que também
trabalhou com o “Brasas Seis”, além do Messias, este contratado para
bailes carnavalescos. Todos contribuíram muito para a diversidade de
nosso repertório e sua ajuda foi imprescindível, de modo especial nas
festas realizadas no interior do Estado, onde sempre tem que sair um
forró, um “Saxofone por que choras” ou outras músicas desse gênero.
Entretanto
a presença de metais no conjunto foi marcante com a chegada do Airton e
posteriormente do Mairton, ambos excelentes pistonistas, que
abrilhantaram o Big Brasa e em muito enriqueceram seu repertório. Airton
e Mairton tinham tocado juntos e tiveram sua formação musical na Banda
de Música do Colégio Pia Marta. Trabalharam também em outros conjuntos
antes do Big Brasa. Com sua experiência de arranjos com metais,
principalmente no que se refere aos duetos que faziam com os pistons, a
sonoridade do conjunto mudou completamente, e seguramente para muito
melhor. Fazíamos arranjos modernos, com improvisações e participações em
arranjos de rocks, bem como a execução de diversos clássicos para
piston do gênero Herbert Albert.
O PREFIXO - Assim falou Zaratustra
Além
dos inúmeros clássicos para piston, com o Airton e o Mairton nós
escolhemos um prefixo novo. Chamávamos de prefixo a música escolhida
para iniciar e encerrar todos os eventos. O tema escolhido foi “Assim
falou Zaratustra”, magnífico, o qual, com um arranjo do Big Brasa ficou
especial. Durante o prefixo, para iniciar o baile, fazíamos uma
coreografia bem marcada, muito legal, acompanhando o balanço de corpo
dado pelos pistonistas. O grupo praticamente só utilizou duas músicas
como prefixo, And I Love Her, dos Beatles e Zaratustra. Ambos tiveram
suas fases marcantes e são inesquecíveis para mim.
João Ribeiro da Silva Neto
Do livro "O Big Brasa e minha vida musical" (1999)
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