Vestuário – um grupo elegante
No princípio, por orientação do meu pai, bem acolhida por
todos, o Big Brasa usava fardamentos, isto é, mantinha grupos de roupas
que às vezes substituía durante as próprias festas. Houve uma noite, em
Umirim, que o Conjunto mudou de roupa quatro vezes, impressionando a
todos os presentes. Isso contribuiu para formar uma falsa idéia, também
em Fortaleza, de que o conjunto era composto por pessoas ricas.
O
Big Brasa procurava acompanhar a moda jovem. Se era camisa de
gola-rolê, tudo bem, malha, calça estreita, cabelos longos, tudo. As
calças “Lee” e os tênis também faziam parte efetivamente de nosso
guarda-roupa. Fazíamos questão, além de ensaiar bastante para fazer o
melhor, procurávamos também manter boa aparência, pois isso para nós era
fundamental.
O
Mestre Alberto não gostava de barba malfeita ou por fazer, ou então
cabelo grande. Segundo ele, dava um aspecto de sujeira e não era legal.
No começo do conjunto, quando ainda nos acompanhava, pediu para o Lucius
tirar sua barba, que estava grande. O Lucius, com muito respeito,
educação e diplomacia, qualidades que sempre possuiu, disse-lhe que iria
satisfazer a sua vontade, mas que aquilo não tinha nada a ver. Hoje em
dia o Mestre Alberto reconhece que estava errado e aquilo “não tinha
nada a ver” realmente.
Houve
o tempo, pelos anos 69, 70 e 71, das calças boca-de-sino. Era moda
total e quem não as usasse não estava com nada. Nas calças “Lee”, que
foram os primeiros jeans a
surgir, nós tínhamos que arranjar umas tiras e mandar emendar na parte
de baixo para alargá-las e assim poder ficar “na crista da onda”.
Na
coluna do jornal O Estado, intitulada “Alta Roda”, o seguinte
comentário sobre o Conjunto: “O Big Brasa, aqui da terra, talvez seja o
único conjunto que não aderiu à moda cabeluda. Seus componentes se
apresentam elegantemente com cabelos cortados à la homens sérios!”.
Nos
bailes de 15 Anos e nos de Formatura, bem como em outras funções mais
especiais, usávamos terno e gravata ou blazers. O Big Brasa sempre se
portou adequadamente no que se refere ao visual.
João Ribeiro da Silva Neto
Do livro "O Big Brasa e minha vida musical" (1999)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe sua mensagem no Blog e participe desta época inesquecível dos Anos 60 e Jovem Guarda!