Curtições em Mossoró
Estivemos
em Mossoró, no Rio Grande do Norte, por várias vezes. Uma parte delas
com o Big Brasa, em eventos patrocinados pela TV Ceará, oportunidade em
que viajamos em ônibus de turismo, especial, com toda a equipe de
produção, diretores e artistas e demais participantes do programa Show
do Mercantil.
Nessas
viagens o grupo aproveitava bem e se divertia bastante, porque tínhamos
hospedagem, alimentação e transporte tudo de graça. Além disso a
preocupação com a organização dos eventos e contratos não era nossa e
sim dos diretores da televisão. Ficávamos com a obrigação apenas de
tocar nos horários determinados, e com o resto do tempo livre para
passear.
Nos
hotéis, tratamento especial, afinal de contas era uma equipe de
artistas cearenses que lá estava. Na cidade, pessoal bastante
hospitaleiro e amigo. Uma das atrações de Mossoró são suas águas
termais. Nas torneiras comuns, temos água morna, uma beleza. E nas
piscinas, como as que eu conheci na Escola de Agronomia, onde o Carló
fez sua faculdade, a água vinha de poços artesianos, saindo a uma
temperatura aproximada entre 50 a
60 graus centígrados. Quando uma piscina acabava de encher, não tinha
quem conseguisse tomar banho, porque a água ficava quente, “pelando”
mesmo.
Mas
nós também tivemos temperatura alta, quando tocamos em uma das boates
locais, o “point” daquela época na cidade. O Big Brasa atravessava uma
fase magnífica. Músicas atualizadas de todo tipo. Equipamento bom,
contava ainda com uma percussão extra – as tumbadoras, ou atabaques – e
sons de pedais para minha guitarra, principalmente o “wah-wah” e a
distorção, com seus efeitos belíssimos nas improvisações. Nessa boate
havia um sistema de som para voz excelente, queima de incenso, e ainda
contava com um jogo de luzes e de efeitos chamados psicodélicos, verbete
que segundo o Aurélio, “diz-se de decoração, roupas, objetos etc., de
cores muito vivas, e totalmente fora dos padrões costumeiros.” Enfim
foram verdadeiros “embalos de sábado à noite”, com presença jovem
acentuada e muita animação.
Voltamos
à Mossoró outras vezes, sem o Big Brasa, na companhia do Silvino,
cantor do conjunto, e do Gustavo Silva, o “Gustavinho”, grande amigo
nosso que fazia parte do corpo de jurados do Show do Mercantil. Foram
muitas aventuras, sendo que uma delas foi resolvida às 4:00 horas da
madrugada, quando o Big Brasa estava terminando uma festa no Clube dos
Diários e o Gustavinho chegou na frente do palco, ainda muito disposto,
apesar de estar no final de uma festa, e disse:- Beiró, eu estou saindo
para Mossoró daqui a pouco. Quer ir também? Respondi que sim, no ato.
Combinei com ele que iria para casa só para pegar uma roupa e que ele
passasse por lá. Tudo certo e viajamos mesmo ao amanhecer do dia, no
Gordini do Gustavinho, que tinha um motor Renault, muito bom. Uma barra,
para agüentar o sono nas primeiras horas. Mas foi tudo cem por cento.
Chegamos em Mossoró, passamos o restante do dia passeando e à noite
fomos para um boate, onde recebidos como artistas da televisão cearense,
passamos muito bem, obrigado...
Por
último, o Big Brasa esteve novamente em Mossoró para, desta vez, animar
o baile de formatura da turma do Carló. Nessa vez eu tive que fazer
duas viagens em um só dia para lá, em nossa camionete Chevrolet, de duas
cabines, “turbinada”, para levar o equipamento e em seguida o pessoal
todo. Esse baile foi super animado, principalmente pela presença do
Carló, que era chamado apenas de “Big”, junto com seus amigos de turma,
que gostaram de nosso grupo e se divertiram a valer.
João Ribeiro da Silva Neto
Do livro "O Big Brasa e minha vida musical" (1999)
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