Música - um dom de Deus
Por circunstâncias da vida, aos 28 anos de idade, vivendo totalmente dedicado à música, tive
que mudar radicalmente de profissão, para uma área de atividade
totalmente diversa da que eu atuava. Prestei um concurso público
realizado em âmbito nacional para o cargo de Analista de Informações. Ao
ser chamado, assumi de imediato o cargo de Analista de Informações do
Ministério do Trabalho, sendo lotado na Assessoria de Segurança e
Informações da Delegacia Regional do Trabalho, no Ceará. Isto significou
para mim poder trabalhar efetivamente para o bem do Brasil e participar
de uma estrutura de Inteligência muito importante para a Nação.
Por
me envolver integralmente para o bom desempenho nessa atividade, tive
praticamente que deixar a música. Pelo meu temperamento, como não podia
exercer as duas profissões ao mesmo tempo, em virtude dos horários não
compatíveis, dentre outros fatores, me senti um pouco frustrado e decidi
até mesmo vender todos os meus instrumentos musicais, para que pudesse
esquecer mais facilmente. Não sobrou em casa nem um violão, para marcar
presença. O impacto inicial, com a falta da música, foi marcante, mas
foi diminuindo pouco a pouco, compensado talvez pelo orgulho do nosso
emprego, em servir à pátria de uma forma tão importante, conforme
considero. Mas no íntimo a música nunca deixou de estar presente.
Lutei
e me esforcei ao máximo para aprender a nova profissão e assim, ser um
bom Analista de Informações. Minha dedicação foi extrema. Voltei a ler
muito, como nos tempos de infância, só que desta vez para adquirir
embasamento mais profundo, de modo particular sobre múltiplos aspectos
da conjuntura regional e nacional. O tempo foi passando e eu consegui
chegar ao topo da nova carreira, com cursos de formação e de
aperfeiçoamento em alto nível na
Atividade de Inteligência. A diferença entre as duas profissões era
significativa. Se como músico eu desejava e necessitava aparecer, fazer
sucesso em todos os segmentos possíveis, como Analista de Informações
tinha que manter um comportamento reservado, peculiar à natureza dos
serviços executados.
Alguns
anos mais tarde encontrei-me com a Ana Maria Porto “Nininha”, nossa
amiga de Messejana, professora de música e regente, à qual me passou um
tremendo “carão”. Após ter comentado meu afastamento da música e de eu
ter lhe explicado os reais motivos, disse ela, sorrindo e apontando o
dedo para mim:
- Olhe, você recebeu um dom de Deus e não está aproveitando como Ele deseja. Você ainda vai pagar caro por isso!
Aquilo
que a Nininha disse me fez refletir muito sobre o assunto. Comentei com
a Aliete, em casa, e depois de alguns dias resolvi comprar novamente um
violão para “voltar a forma”. E assim foi o recomeço. Após a aquisição
desse violão, comprei um órgão eletrônico, amplificador, microfone e...
Voltou tudo de novo, com a diferença de que a música, dali por diante,
teria que ser amadoristicamente. E minha vida ficou mais completa em
decorrência dessa atitude. A Nininha estava certa e a ela eu agradeço o
comentário a mim dirigido. A música é efetivamente um dom de Deus que
não pode ser desprezado. E assim tenho feito, dentro de minhas
limitações, procurando utilizar a música como forma de lazer e de
entretenimento sadio para mim, para nossa família, amigos e colegas.
Hoje em dia toda a nossa família gosta demais de música e meus filhos
Alberto Neto e Cristiane sempre que têm algum tempo cantam e tocam
violão e teclados.
João Ribeiro da Silva Neto
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