O Conservatório de Música
“Alberto Nepomuceno”
Época
de vestibular. No primeiro exame prestado eu me inscrevi para Medicina e
apenas por três questões, não obtive aprovação. Deus sabe o que faz.
Ainda bem, porque não teria sido um bom médico, por falta de vocação. No
outro semestre, eu e a Aliete resolvemos prestar exame, desta vez para
Licenciatura em Música. O Conservatório
de Música Alberto Nepomuceno tinha sido encampado pela Universidade
Estadual do Ceará (UECE) e iria iniciar sua primeira turma. Conseguimos
êxito, o que para mim foi mais um tento, uma vitória. Estava totalmente
envolvido com o meio musical e “respirava” música o tempo todo. Para ter
uma idéia, nesse período eu era guitarrista do Big Brasa, trabalhava na
TV Educativa como sonoplasta e na TV Ceará como produtor musical do
programa “Show do Mercantil”. Além disso, fazia apresentações ou
realizava outras funções como música ambiente para recepções e
casamentos, como tecladista.
Durante
os quatro anos de Conservatório, aprendi muita teoria e técnicas
musicais com os experientes professores, de modo especial com a D’Alva
Stela, a Repegá Fernanian, a Nísia, a Afonsina, o José Mário, dentre
outros. Se bem que eu esperava mais, principalmente na parte prática e
técnica de instrumentos. Para se ter uma idéia, houve diversas cadeiras
em que os professores me dispensaram porque não tinha sentido, diziam
eles, visto que eu conhecia a matéria. Pressionava muito esses
professores, dizendo que eu estava ali para aprender mais e não para ser
dispensado de aulas.
Dentre
as cadeiras, fora as do ano básico, constavam História das Artes, Canto
Coral, Técnica Vocal, Regência, Som e Ritmo, Prática de Instrumentos
(cinco semestres) e Harmonia.
Depois
de bem ambientado no Conservatório, vale dizer, sobre uma das etapas do
curso, que iniciei a cadeira de Harmonia plenamente confiado nos
conhecimentos práticos que o Big Brasa tinha me proporcionado e na
experiência do dia-a-dia. Quase que entro pelo cano. Tive dificuldades
com a matéria, principalmente ao fazer encadeamentos harmônicos e
pequenos arranjos para orquestra. Se não tivesse estudado para valer
teria sido reprovado naquele semestre. Ao final, como “NTI”, apresentei
uma composição intitulada “Entre pelo Cânon” (da qual ainda mantenho a
partitura original), tendo conseguido nota dez.
Foi
uma faculdade muito interessante e no decorrer dos quatro anos de
estudo fizemos muitos amigos. Chegamos a participar ativamente do Coral e
fizemos algumas apresentações. Tenho ainda as partituras das músicas
que cantávamos. Com a formatura, o Conservatório, através da UECE, nos
proporcionou o Nível Superior, que futuramente veio a ser essencial para
minha carreira em outra área de atividade.
João Ribeiro da Silva Neto
Do livro "O Big Brasa e minha vida musical" (1999)
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