Participação em gincanas – uma vitória
e um empate
e um empate
Por
algumas vezes participei de gincanas, como músico, a convite de equipes
de estudantes. Lembro-me, de modo especial, de duas delas.
A
primeira, que teve a apresentação final das equipes na sede do próprio
colégio, com acirrada disputa entre duas equipes. Eu tinha chegado de
uma festa no interior e ainda estava dormindo, quando o pessoal de uma
das equipes veio me convidar para participar da última tarefa, muito
importante pela contagem de pontos a ela atribuída. A minha mãe relutou
um pouco em me acordar, explicando o cansaço da noite anterior, a viagem
de volta, além de outro compromisso que o Big Brasa teria para aquele
dia. Mas, pela insistência daquela turma, ela me acordou e eu tive mesmo
que ir, apesar da enorme preguiça e sono. Tomei um banho rapidamente,
um café e segui com o pessoal. A tarefa das duas equipes era conseguir
um cara que tocasse o maior número de instrumentos musicais. Na
realidade eu não sabia nem direito o que iria encontrar pela frente.
Chegando
ao tal colégio, a rapaziada toda com aquela animação, clima de disputa
entre as equipes, fomos diretos para o palco para fazer a apresentação. A
gincana até aquela altura estava empatada e os pontos finais seriam
decididos com essa tarefa, um músico que tocasse o maior número de
instrumentos. Lá chegando, encontrei-me com o Paulo, pistonista
excelente que o conjunto “Brasa Seis” possuía. Ele ia ser meu forte
concorrente, pela outra equipe. O Paulo apresentou-se primeiro,
executando uma das músicas clássicas para piston, com muita categoria.
Um sopro forte, técnica, um solo de improviso, enfim, uma demonstração
espetacular. Foi muito aplaudido pela turma toda.
Ao
chegar a hora de minha apresentação, comecei tocando guitarra. Fiz
alguns improvisos, até procurando o difícil recurso de aproveitar as
microfonias entre os captadores e o amplificador para enriquecer os
efeitos, além de tirar vários sons utilizando os pedais; depois toquei
bateria, fazendo batidas variadas de iê-iê-iê, com pequenas variações e
muitos “breques” para impressionar o pessoal, em seguida toquei um pouco
de cavaquinho, de bandolim, de flauta doce, de violão, de contrabaixo e
de outros teclados como piano, acordeon e escaleta. A medida em que ia
mudando de instrumento a platéia aplaudia bastante e mais se
entusiasmava. Ao final de não sei quantos instrumentos, foi o suficiente
para que os jurados votassem, tendo por unanimidade considerado
vencedora a “minha” equipe. Não desmerecendo o Paulo do piston, como o
chamávamos, nossa equipe mereceu a vitória, porque interpretou de
maneira correta a tarefa: “músico que tocasse um maior número de
instrumentos”. Recebi muitos agradecimentos por parte da equipe vencedora, o que, sem dúvida, foi por demais gratificante para mim.
Em
outra oportunidade participei de uma gincana que fazia parte do quadro
“Colégio contra Colégio”, apresentado pelo Show do Mercantil. A tarefa
não especificava nada de música e sim, dizia que as equipes teriam que
apresentar uma curiosidade, uma atração. Para o vencedor o programa oferecia uma lembrança da gincana e um pequeno prêmio em dinheiro.
Apresentei-me
por um dos colégios, tocando vários trechos de músicas nos seguintes
instrumentos: guitarra, violão, cavaquinho, bandolim, contrabaixo, órgão
eletrônico, piano, escaleta, acordeon, flauta doce, saxofone, piston e
bateria e, por malandragem também algumas percussões, como tarol, surdo e
tamborim.
Faço
questão de dizer que no saxofone e no piston eu apenas conseguia
executar uma música em cada um deles, com muito sacrifício, pois, no
caso do piston, não tinha “embocadura” e nem sopro e para o saxofone
faltava resistência, o que o músico adquire apenas com muita prática.
Mas ao final foram contados, para efeito dessa participação, 14
instrumentos.
Meu
concorrente, pela outra equipe, apresentou como atração um aparelho de
rádio, que ele tinha montado em uma pequena caixa de madeira. O tal
rádio nem chegou a ser ligado, sendo apenas exibido para os jurados e a
platéia. Com essa montagem, interessante, mas que pelo seu grau de
dificuldade não daria para competir com um músico, naquelas condições,
ele conseguiu “arrancar” um empate do corpo de jurados, o que eu
considerei um resultado muito injusto. Assim, dividimos o prêmio, mas
como minha equipe estava na frente, foi a vencedora da gincana.
Novamente alegria geral dos estudantes, aplausos da turma e grande
animação ao final do programa. Essa minha exibição repercutiu de forma
significativa, de forma a que depois de muito tempo o pessoal me
reconhecer, na rua ou nos clubes e comentar sobre o assunto, tecendo
elogios a minha performance.
João Ribeiro da Silva Neto
Do livro "O Big Brasa e minha vida musical" (1999)
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