A
primeira festa de aniversário do Big Brasa foi realizada no dia 28 de
abril de 1968, no Balneário Clube de Messejana, com música o dia
inteiro: matinal, vesperal e tertúlia, entrando pela noite. O símbolo
desse primeiro aniversário foi uma flâmula em forma de uma guitarra
vermelha e branca, com os dizeres alusivos à festa.
Na matinal atuaram os conjuntos “Os Rataplans”, “Os Belgas”
e o “Big Brasa”. À tarde e noite “Os Milionários, a ala feminina do Big
Brasa, e novamente o Big Brasa. Pode-se afirmar, com certeza, que foi
uma das maiores e melhores festas do Balneário, com um participação
maciça durante toda a festividade. Com um detalhe: também foi uma das
primeiras festas dessa natureza a ser transmitida pelo rádio, com
participações ao vivo! A flâmula ao lado foi distribuída na entrada do
clube a todos os participantes, como lembrança do evento.
A Diretoria do clube nos ofereceu um troféu, em comemoração a nosso primeiro aniversário e pelo reconhecimento de nosso sucesso em Fortaleza. Durante o evento houve uma confraternização geral entre os conjuntos participantes, dentro de um clima de amizade e coleguismo.
Não
houve lucro financeiro na promoção. Além das “cortesias” e de muita
gente “furar” a portaria, as despesas com os lanches dos conjuntos foram
enormes. E a minha mãe ainda doou uma máquina de costura nova, que foi
sorteada durante o evento. Por outro lado, os efeitos publicitários
foram muito bons, pela grande repercussão obtida por essa festa.
A ALA FEMININA DO BIG BRASA
Incentivadas
pela formação do Big Brasa, Célia Alencar, Aliete Lima, Lucinha, Neide e
Adriana Oriá formaram a ala feminina do grupo.
Foi
como uma brincadeira, mas chamou a atenção da moçada de Messejana. As
meninas ficaram empolgadas com o Big Brasa e resolveram ensaiar algumas
músicas. Com o nosso instrumental, chegaram a se apresentar algumas
vezes nos intervalos das festas do Balneário Clube de Messejana, sempre
com bastante agrado em face da novidade.
PROMOÇÕES REALIZADAS PELO BIG BRASA
O
Big Brasa realizou diversas promoções por sua conta e risco, no
Balneário Clube de Messejana. Isso acontecia, na maior parte das vezes,
quando não tínhamos contrato para uma determinada data e desejávamos
preenchê-la. Em algumas delas o conjunto obteve sucesso, mas em outras
foi prejudicado pelo famoso “jeitinho brasileiro”, de querer levar
vantagem em tudo.
Para
começar, nesses eventos a diretoria do Clube sempre ficava com a renda
do bar, deixando a venda de entradas na portaria para o conjunto. Aí é
que a “coisa pegava”. Enquanto uns compravam ingresso normalmente,
muitos queriam “botar todo mundo para dentro” do clube sem pagar, a
qualquer custo. Muitos se diziam diretores. Alguns membros da diretoria
efetiva usavam de sua influência para colocar pessoas no clube sem pagar
ingresso. E muitos ainda tentavam entrar sem pagar pulando o muro.
Houve inclusive um caso em que um grupo de rapazes entrou nadando pela
lagoa de Messejana, com a roupa na cabeça para não molhar - essa foi
demais, incrível! Mas não tinha jeito, a mentalidade de alguns era
essa...
OUTRAS COMEMORAÇÕES DE ANIVERSÁRIO
O
segundo aniversário, em 27 de abril de 1969, foi realizado no Recreio
do Funcionário - Clube de Campo, na Lagoa Redonda, tendo como convidados
especiais os sócios do Balneário Clube de Messejana. Abrilhantaram
aquela festa mais dois conjuntos, “Os Milionários” e “Os Belgas”. Naquele dia os “Belgas” estavam demais. O grupo, composto pelo Edson Girão, Eudes, Ricardo e Júlio, deu um show
à parte no que se refere a vocalização. Tocavam e cantavam os arranjos
dos “Beatles” de maneira espetacular, o som bem ajustado, tudo cem por
cento.
No
dia 22 de maio de 1971 comemoramos nosso quarto aniversário no Clube
“General Sampaio”, no centro da cidade. Muita gente boa esteve presente
naquele dia. O Brasa Seis, um dos melhores conjuntos da época, tocou uma
parte da festa durante o dia. O pessoal da televisão esteve por lá em
peso e curtiu bastante.
AS MATINAIS DO CLUBE DE REGATAS
Era
o que se pode dizer uma parada dura, quando tínhamos que enfrentar aos
domingos uma matinal no Clube de Regatas após um baile no sábado, quase
sempre muito cansativo. Quando isso ocorria eu não participava da
desmontagem do material na noite anterior, voltando imediatamente para
casa para ganhar um tempo a mais de sono. Chegava dos bailes, na maioria
das vezes entre três e cinco horas da manhã em casa e dormia muito
pouco. O pessoal que cuidava do instrumental (motoristas e bigus) se
deslocava mais cedo para ir montando
tudo. Difícil mesmo era para acordar e apressadamente tomar um café da
manhã, para nos deslocarmos para o clube. Nós chegávamos quase na hora, a
tempo de afinar os instrumentos e logo começar a função. Mas tudo isso
valia a pena, pois nosso rendimento aumentava no final do mês.
REGISTRO DE APRESENTAÇÕES – O MAPA “ROUBADO”
Mais
ou menos em 1972 eu organizei um mapa, feito em uma folha de cartolina,
contendo aproximadamente 500 apresentações feitas pelo Big Brasa. Tive
muito trabalho na elaboração desse controle, para recuperar ao máximo
possível as funções musicais em que o Big Brasa atuou. Esse levantamento
continha indicações dos locais, clubes, cidades e às vezes até mesmo os
nomes dos aniversariantes. Esse precioso controle infelizmente caiu nas
mãos de um gatunozinho safado, certamente admirador do conjunto. Daí
por diante fizemos mais centenas de apresentações, inclusive as da
televisão, mas não houve mais a preocupação e nem a paciência de manter registros com tal precisão.
João Ribeiro da Silva Neto
Do livro "O Big Brasa e minha vida musical" (1999)
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