quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Conservatório de Música “Alberto Nepomuceno”


O Conservatório de Música
“Alberto Nepomuceno”



Época de vestibular. No primeiro exame prestado eu me inscrevi para Medicina e apenas por três questões, não obtive aprovação. Deus sabe o que faz. Ainda bem, porque não teria sido um bom médico, por falta de vocação. No outro semestre, eu e a Aliete resolvemos prestar exame, desta vez para Licenciatura em Música. O Conservatório de Música Alberto Nepomuceno tinha sido encampado pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e iria iniciar sua primeira turma. Conseguimos êxito, o que para mim foi mais um tento, uma vitória. Estava totalmente envolvido com o meio musical e “respirava” música o tempo todo. Para ter uma idéia, nesse período eu era guitarrista do Big Brasa, trabalhava na TV Educativa como sonoplasta e na TV Ceará como produtor musical do programa “Show do Mercantil”. Além disso, fazia apresentações ou realizava outras funções como música ambiente para recepções e casamentos, como tecladista. 

Durante os quatro anos de Conservatório, aprendi muita teoria e técnicas musicais com os experientes professores, de modo especial com a D’Alva Stela, a Repegá Fernanian, a Nísia, a Afonsina, o José Mário, dentre outros. Se bem que eu esperava mais, principalmente na parte prática e técnica de instrumentos. Para se ter uma idéia, houve diversas cadeiras em que os professores me dispensaram porque não tinha sentido, diziam eles, visto que eu conhecia a matéria. Pressionava muito esses professores, dizendo que eu estava ali para aprender mais e não para ser dispensado de aulas.

Dentre as cadeiras, fora as do ano básico, constavam História das Artes, Canto Coral, Técnica Vocal, Regência, Som e Ritmo, Prática de Instrumentos (cinco semestres) e Harmonia.

Depois de bem ambientado no Conservatório, vale dizer, sobre uma das etapas do curso, que iniciei a cadeira de Harmonia plenamente confiado nos conhecimentos práticos que o Big Brasa tinha me proporcionado e na experiência do dia-a-dia. Quase que entro pelo cano. Tive dificuldades com a matéria, principalmente ao fazer encadeamentos harmônicos e pequenos arranjos para orquestra. Se não tivesse estudado para valer teria sido reprovado naquele semestre. Ao final, como “NTI”, apresentei uma composição intitulada “Entre pelo Cânon” (da qual ainda mantenho a partitura original), tendo conseguido nota dez.

Foi uma faculdade muito interessante e no decorrer dos quatro anos de estudo fizemos muitos amigos. Chegamos a participar ativamente do Coral e fizemos algumas apresentações. Tenho ainda as partituras das músicas que cantávamos. Com a formatura, o Conservatório, através da UECE, nos proporcionou o Nível Superior, que futuramente veio a ser essencial para minha carreira em outra área de atividade.


João Ribeiro da Silva Neto
Do livro "O Big Brasa e minha vida musical" (1999)

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