quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Três pneus furados, assim é azar demais...


Três pneus furados, assim é azar demais...


O Big Brasa estava retornando de mais uma noite de trabalho, por volta das 4:30 horas da manhã. Tinha sido um baile no Clube de Regatas da Barra do Ceará. A turma nessa ocasião era composta pelo Adalberto, Carló, Severino, Luiz Antônio (Peninha) e eu. Nosso transporte era a famosa rural do Fernando “Galba”. Durante o percurso, muita brincadeira, pois tudo tinha saído às mil maravilhas, e estávamos bem dispostos ainda aquela hora. O Peninha imitava o “Zé Bonitinho”, fazendo suas palhaçadas e o Adalberto tirava um sarro com o “Galba”, dizendo que aquela rural estava velha demais e sempre pedindo para que ele andasse mais rápido. E ele sorria bastante, mas não se alterava nem um pouco com nossas brincadeiras.
À altura da Cidade dos Funcionários, a alegria foi suspensa, pois a rural furou um pneu. Na hora, o “Seu” Fernando, disse, com toda a categoria, que só andava prevenido, e como estava com os pneus um pouco ruins, tinha dois estepes. Entretanto começou a ficar chateado daí, porque iria atrasar seu serviço, visto que ele teria que fazer uma outra viagem até o Regatas, ainda naquela madrugada, para trazer o equipamento do conjunto.
Descemos da rural, ele trocou o pneu e reiniciamos o regresso rumo a “Messejana City”, como a chamávamos. Assim que o Galba ligou o motor da rural e o carro partiu, o Adalberto, que estava sentado no banco de trás, azarou:
- Vai furar o pneu de novo...
Ao que o Galba respondeu, sorrindo, meio sem graça:
- Nem diga isso, só se for muita “zebra” mesmo.
Não esperou quase nada. Pouco mais de dois quilômetros, quase na frente da sede da sede do DNER, baixou outro pneu da rural e aí começou a gozação geral. Nesse momento o Adalberto falou de novo:
- Eu não disse que ia furar? E o Galba respondeu, querendo demonstrar muita calma, apesar de tudo:
- Não tem problema, meu amigo, de jeito nenhum. Eu tenho outro pneu de reserva, não sou motorista “peba” não. Fique calmo que eu logo resolvo isso... 
E trocou novamente o pneu. À essa altura, a turma já estava sem graça, querendo chegar em casa, e o sono dominando todo mundo. Assim que o pneu foi trocado, o Galba mais uma vez reiniciou sua jornada. Logo, o Adalberto voltou a jogar praga no Galba:
- Ainda vai baixar outro pneu, na certa!
Depois desse último pneu furado o “Seu” Fernando só fazia sorrir, sem graça, cansado, e também devia estar louco de raiva do Adalberto, pelas pragas jogadas por ele. A rural continuou, pela antiga BR-116, e finalmente chegou à pracinha de Messejana. Na curva em frente à Igreja, o Seu Fernando parou em frente à casa do Peninha, para que ele descesse. Foi a conta. Ouvimos um chiado bem alto e novamente outro pneu começou a murchar. Foi o fim da picada. Todo mundo desceu da rural e ficou enchendo a paciência do Galba, para valer. Desta vez, infelizmente, não houve saída para ele, pois teve que tirar aquele pneu furado, juntá-lo com os outros, para procurar uma borracharia. Ficou literalmente “no prego”. Não sei realmente quando, nem a que horas ele terminou sua missão, porque voltamos a pé para casa, andando uns quatro quarteirões. Haja pneu e azar, deve ter pensado o Galba...

João Ribeiro da Silva Neto
Do livro "O Big Brasa e minha vida musical" (1999)

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