quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O meu gradual retorno à música


O meu gradual retorno à música

Após o meu desligamento da sociedade com “Os Faraós” em virtude de meu ingresso no serviço público, passei alguns anos totalmente afastado do meio musical, conforme falei anteriormente, mas sempre sentindo aquele desejo reprimido, uma vontade interior de tocar novamente. Pouco a pouco as experiências de retorno à música começaram a ocorrer.

Primeiramente formei um grupo musical, sem grandes pretensões e sem compromissos profissionais, com três grandes amigos, Roberto Faria da Silva (Beto Carioca), sua esposa Rinah Melo e nossa amiga Laury. Usava a princípio um órgão Yamaha PSR 70, muito bom, e um sintetizador DX7. Começamos a ensaiar e aprontamos um repertório de alta qualidade. Nos apresentamos em diversas oportunidades em encontros de amigos e chegamos até mesmo a realizar algumas funções remuneradas. Evoluímos tanto no instrumental e no repertório quanto tecnicamente. O pessoal ficava cada vez mais afinado e aprendia rapidamente os macetes profissionais. 
Em outra fase fui convidado por meu amigo César Barreto a participar do Projeto Luiz Assunção, que consistia em apresentações públicas nas principais praças de Fortaleza, sob patrocínio da Prefeitura Municipal. Foi uma experiência rica, pelo contato direto com o público e repertório mais popular. Conheci outros músicos, que acompanhavam o César, de estilos diferentes, mas todos de ótima qualidade. Nesse período eu utilizava uma viola de doze cordas, de propriedade do César, que possuía uma sonoridade espetacular.

O César sempre brincava comigo, dizendo que tinha conseguido me colocar na vida novamente, referindo-se à vida de músico profissional, com todas as suas dificuldades. Sobre o César Barreto, é importante dizer que na época em que integrava “Os Rataplans”, conjunto famoso em sua época, ele conseguia estudar para o vestibular dentro de casa, no meio de vários ensaios simultâneos. Um músico treinando bateria, outro tocando guitarra e ele lendo suas apostilas calmamente. Hoje em dia é Técnico do Tribunal de Contas do Estado e professor universitário. No entanto nunca abandonou o gosto pela música.

Com o César estive também fazendo um programa de televisão na TV Educativa e realizamos alguns shows pelo interior do Ceará, um deles em Crateús e outro em Campina Grande, na Paraíba. Além disso, tive a oportunidade de alguns créditos como tecladista e guitarrista, nas gravações de dois discos por ele produzidos.

Mais à frente tive um reencontro com o Airton França, depois de alguns anos em que não nos víamos. Ele ficou muito entusiasmado com a idéia de começarmos novamente a tocar, por pura diversão, e combinamos fazer uma dupla. Primeiramente o Airton comprou um piston novinho em folha, com surdina e tudo. Recuperou a embocadura bem depressa e logo começou a solar de novo as antigas músicas do Herbert Albert. Alguns meses mais tarde decidimos ir a Manaus, onde eu adquiri um teclado mais moderno e ele comprou um violão importado, tipo Ovation. Continuávamos ensaiando. O que nos surpreendeu foi a rapidez com que o Airton desenvolveu suas harmonias ao violão. Estudava por cifras e comprava tudo quanto era revista que contivesse músicas novas. Na época que ele apenas era pistonista do Big Brasa não cantava quase nada, fazendo participações vocais muito rápidas. Em nossa recente dupla, o Airton cantava muito bem todo o repertório, particularmente as músicas do Fagner.

Ensaiávamos umas três vezes por semana, com bastante afinco, nos finais de tarde. De repente ele apareceu com um amplificador novo, para que o som de retorno tivesse melhor qualidade. Comprou também uma pedaleira, com vários pedais de efeitos. Por muitos meses nosso grupo permaneceu firme. E eu também passei a ficar novamente alucinado pela música.

Como o Airton viajava freqüentemente para o Rio de Janeiro, a negócios,  pedi para que ele me trouxesse o novo modelo do sintetizador mais famoso da Yamaha, o DX7-II, instrumento excelente e que até hoje possuo. Com esse teclado adquiri um acessório muito interessante, chamado de Breath Control, que tecnicamente consiste em um aparelhinho com um bocal, interligado ao sintetizador, onde você produz um sopro que é enviado para o gerador de áudio do equipamento, de forma que quando tocamos no teclado o som se assemelha a um instrumento de sopro, de acordo com o timbre ou registro escolhido.

Por último, vale destacar os mais novos recursos musicais trazidos pela Informática, este fascinante mundo que descobrimos há alguns anos, com seus inúmeros programas direcionados para a música. Por curiosidade e satisfação pessoal adquirimos um teclado, marca Roland, específico para o acionamento desses programas. Desde a criação de melodias e harmonias, passando pela sonorização, escolha dos instrumentos, elaboração das partituras, gravação e possibilidade de alteração a qualquer tempo das músicas, tudo podemos conseguir facilmente através do computador e seus softwares musicais. Tal a facilidade de operação e de recursos que um dia consegui produzir rapidamente um playback para a minha filha Cristiane cantar, na época em que ela estudava no Colégio 7 de Setembro.


João Ribeiro da Silva Neto

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