quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Os amigos músicos que integraram a "Família Big Brasa"

Os amigos músicos que integraram
a "família Big Brasa"


Os participantes do Big Brasa (em ordem alfabética)

Primeiramente, gostaria de dizer que o Conjunto Big Brasa sempre manteve sua filosofia de preferir músicos pelas suas qualidades pessoais, de conduta, educação, comportamento e responsabilidade, do que simplesmente por sua maneira de tocar, ou seja, suas habilidades como instrumentista. No início éramos todos estudantes secundaristas, universitários ou pré-universitários.

Isso quer dizer que é preferível você ter uma equipe mediana, mas que cumpra sua missão, do que ter um grupo fantástico, tecnicamente, mas irresponsável no cumprimento de horários, comportamento, entre outros aspectos. Nunca nos arrependemos de ter mantido este sistema. Tivemos sempre uma equipe de pessoas que “jogava para o time”.

Inadmissível se falar em um grupo musical, tecer comentários sobre uma etapa inesquecível de nossa vida, sem mencionar inicialmente aquelas pessoas que estiveram no mesmo barco que nós, desempenhando suas funções com dignidade, esforço, sacrifício e amor pela música.

Abaixo, em ordem alfabética, estão os músicos e colaboradores que tivemos em nossa vida musical, com breves comentários sobre cada um deles.
 
Adalberto Pereira Lima – guitarrista-base e posteriormente tecladista. Meu primo, amigo e cunhado. Teve seu ingresso no Big Brasa a partir de 1968, quando chegou a Fortaleza, para estudar,  um ano depois de nossa estada em Balsas, na época uma cidade do sul do Maranhão. Preparou-se para ingressar no conjunto, aprendendo violão. Ao chegar, logo assumiu a função de guitarrista-base. Após algum tempo, em vista da necessidade do próprio conjunto em razão da falta de tecladistas, passou a tocar órgão eletrônico, instrumento que aprendeu rapidamente e desempenhou de forma muito satisfatória suas funções musicais. O Adalberto fez parte da espinha dorsal do conjunto por muito tempo. Além de tocar no conjunto, dirigia com grande habilidade, dividindo comigo a responsabilidade de levar e trazer “numa boa” todo o grupo para as viagens que fazíamos. Passamos por inúmeras situações difíceis, ao volante, mas graças a Deus sempre nos saímos bem. Hoje em dia é engenheiro agrônomo e Analista de Projetos.

Airton França - “Torinha” - pistonista. Chegou ao Big Brasa com bastante experiência musical, visto que tinha integrado outros conjuntos e também estudado música na Banda do Colégio Pia Marta, liderado pelo padre Luiz Rebufinni. Foi apresentado ao conjunto pelo Adalberto, que o conheceu na Universidade Federal do Ceará (UFC). Possuidor de um sopro muito forte, tirava sons legais no piston e tinha ótimo tino musical para os arranjos. A sua atuação agradou tanto à direção do conjunto quanto ao público em todas as apresentações que fez. Foi uma boa companhia para todos nós, particularmente para o Mairton, também pistonista, sobre o qual exercia certa influência. Sempre foi muito responsável e de conduta irrepreensível, jamais criando qualquer espécie de problema para o grupo. Apesar de ter um pouco mais idade do que eu e experiência musical anterior, sempre respeitou o princípio de liderança de minha parte em relação ao grupo. No que se refere a parte musical, trouxe muito enriquecimento para os arranjos, com os duetos de piston com o Mairton. O Airton, além das qualidades acima mencionadas, demonstrou seu reconhecimento pelo convívio com a nossa família e ainda hoje o demonstra quando faz os melhores elogios e trata muito bem os meus pais. Na atualidade é engenheiro civil e empresário.
 
Amaury Pontes - “Tijibu” - bigu. Exerceu essa função conosco por algum tempo e sempre ajudou bastante o Big Brasa. Muitas vezes chegamos a fazer manutenções completas em nosso equipamento, preparando o material para que tudo desse certo nas tocatas. Mais tarde, enquanto ainda acompanhava o conjunto, conseguiu também empregar-se com o Augusto Borges, apresentador do Show do Mercantil. O Amaury é nosso amigo e vizinho até hoje, em Messejana. Atualmente trabalha como câmera-man na TV Ceará (TVC), antiga TV Educativa.

Armando - cantor. Gente boa, simpático e de fácil relacionamento. Participou do Big Brasa, como cantor, durante um carnaval realizado em Cascavel. Depois passou a integrar  o grupo “Alta Tensão”, que chegou a gravar e a viajar até pelo exterior. Bom profissional, ainda trabalha com seu grupo no Pirata, casa noturna de Fortaleza, conhecida no Brasil inteiro por suas festas animadíssimas às segundas-feiras.  

Carlomagno Pereira Lima - “Carló” – contrabaixista e vocalista do grupo. Meu primo, amigo e cunhado. Iniciou no conjunto tocando guitarra, mas fazendo o papel de contrabaixista, visto que nos primeiros meses o Big Brasa não tinha contrabaixo. O Carló, em um breve período, exerceu também a função de cantor do conjunto. Durante sua permanência, também fez parte da chamada “espinha dorsal” do grupo. Moramos juntos por muito tempo e o considero como mais um irmão. Participamos de diversos momentos da juventude juntos, vivendo praticamente as mesmas emoções. Teve que nos deixar em virtude de ir cursar a faculdade na Escola de Agronomia de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde se formou. Desenvolveu posteriormente projetos agrícolas em Balsas. Há algum tempo assumiu a direção técnica da Televisão Rio Balsas, afiliada da Rede Globo, emissora pertencente ao nosso amigo Francisco Coelho, hoje deputado federal. Nesse período participou de diversos cursos sobre televisão, no eixo Rio-São Paulo tornando-se um expert no assunto. O Carló, além dessas habilidades técnicas para eletrônica, ainda é professor de Matemática e de Física da UEMA. Entretanto, nunca parou com a música. Sempre que pode está com seu violão e sua voz para animar os amigos. Gosta demais de uma seresta, de compor e é um amante da boemia por excelência. Além disso é também professor de física e matemática da Universidade do Maranhão (UEMA).      

Castorino - Francisco Jorge da Silva Rodrigues - bigu. Da época da sociedade com o conjunto musical “Os Faraós”. O Castorino era totalmente pirado. Pequenino, usava cabelos bem longos e dançava o tempo todo no palco, fazendo trejeitos e mil palhaçadas. Certa noite, em um baile, levou um tremendo choque na mesa de luz e efeitos quando foi rearmar uma “bomba de fumaça” e a corrente elétrica ainda estava ligada aos contatos. Todos nós achamos muita graça dele. Ele também riu, mas somente depois de ter se recuperado daquela “cacetada”.

Cefas - saxofonista. Natural de Ipaumirim, interior cearense, integrou o conjunto durante algum tempo. A princípio, tinha grande dificuldade para improvisar, e eu tive que ensinar “improvisos” para que ele os fizesse em algumas músicas. Inocentemente, por causa de seu jeitão de matuto, me fez passar pequenos vexames. Um deles, quando puxou bruscamente uma colega nossa pelo braço até que ela parasse, para perguntar: - Esse cheiro é teu? Referindo-se ao perfume da garota. Outra vez, no Clube dos Diários, quando distraidamente, em frente a uma das caixas de som, coçava “aquilo” na frente do palco. E por último, no Clube Líbano, quando tocava “Saxofone por que choras”, bem na frente do palco e durante a música ficou com o nariz entupido. Não contou conversa. Afastou rapidamente o saxofone da boca e tapando uma das narinas com um dedo, soprou fortemente. Naquela hora, o “pombo sem asa” saiu voando velozmente até o chão. Que vergonha... Eu fiquei sem saber para onde olhar, naquele momento. Apesar desses pequenos deslizes, era gente boa, brincalhão e fácil de lidar. Sabia tudo sobre a história da II Guerra Mundial e era fascinado por Hitler. Soube que ainda  hoje é saxofonista em Ipaumirim.

“Chico da Mazé” - Francisco Alves da Silva - bigu. Vizinho nosso, participou das primeiras apresentações do Big Brasa, como pandeirista, e depois foi nosso bigu. Nos ajudou por um período relativamente pequeno. Um dia conseguiu a “proeza” de esquecer o suporte do tarol para uma festa, por não conferir o material acertadamente. Hoje encontra-se em São Paulo.

César Barreto - Guitarrista-base e principal vocalista do excelente conjunto musical “Os Rataplans”, que marcou presença acentuada em Fortaleza nos Anos Dourados. Meu grande amigo pessoal de longas datas, desde a infância, posso afirmar até mesmo que temos vínculos familiares. O César me transmitiu ensinamentos, com sua simplicidade, sobre os primeiros passos na música, a partir da estréia do conjunto Big Brasa. Juntos participamos de diversos eventos musicais, tanto em Fortaleza e no interior cearense, quanto em outros Estados. Além de ser um músico de primeira categoria, o César também é compositor, com quatro ótimos discos gravados. Privilegiado por um elevado “quociente emocional”, mantém bons relacionamentos em diversas áreas de atuação. Tem participação ativa na vida cultural da cidade até hoje, na imprensa escrita, no rádio e também na televisão cearense, além de diversos projetos musicais que desenvolveu em sua carreira. Costumo dizer que o César possui uma memória realmente fantástica, pois consegue armazenar facilmente uma enorme quantidade de letras de músicas, poemas, versos, piadas e histórias de todos os tipos. Mantém em sua residência vários instrumentos e acessórios musicais de qualidade para seus ensaios, gravações e shows. Formou-se em Direito ainda na época do conjunto “Os Rataplans” e há tempos é advogado do Tribunal de Contas do Estado. É também professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Faz tudo isso mas não esquece nem um minuto a música...  

José Cláudio Pereira Viana - contrabaixista. Bom músico e companheiro, sempre aplicado nos ensaios ao aprimorar suas técnicas. Nos acompanhou durante todos os shows da temporada do Ednardo, cantor e compositor cearense, no Maranhão e no Piauí. Ao chegarmos um dia em uma cidade do interior do Estado, após instalarmos primeiramente o equipamento no clube, como era de costume, fomos jantar em uma pensão daquelas bem ruins. O Cláudio, nessa hora, encontrou logo uma barata em cima de uma cama, quando voltava do banho. Mas o pior estava por chegar: na hora do jantar, a dona da pensão colocou cinco pratos feitos para nós, os conhecidos “PF”. No meio da mesa havia uma garrafa de molho de pimenta, e ele perguntou para se aquele molho era forte. Ela respondeu que sim. Ele resolveu “testar” e encharcou seu prato. Lascou-se completamente, do “primeiro ao quinto”, com se diz no jogo do bicho, pois a pimenta era tinindo e ele não teve a menor condição de comer nada, inutilizando assim a sua própria alimentação. Foi uma gozação geral por parte do grupo e ele acabou passando a noite inteira sofrendo, pela falta daquelas calorias. O Cláudio formou-se em Odontologia e desenvolve sua atividades profissionais em Fortaleza. 

Colares - Por algum tempo, nos anos iniciais, foi algumas vezes motorista do Big Brasa, tanto em Fortaleza quanto no interior do Estado. Além disso, indiretamente protegia nossa turma por ser um policial civil. Imprimia respeito pelo seu porte e, mais ainda, por ser um “tira”. Foi o Colares que, por ficar sabendo de meu gosto por armas, informalmente me transmitiu os fundamentos teóricos e as primeiras lições práticas de tiro de defesa com armas curtas.

David - vocalista e ritmista. O David pertencia a nossa turma de amigos de Messejana. Ficou no conjunto durante alguns meses do seu primeiro ano. Antes do Big Brasa ser formado, participava ativamente das alegres serenatas para as nossas paqueras, colegas e namoradas do distrito. Possuía um repertório bem atual e também ajudava a parte rítmica com um pandeirinho. Formou-se em Medicina e reside em São Paulo.
 
João Dummar Filho - guitarrista e vocalista. O nosso amigo Dummar, também excelente compositor, esteve com o Big Brasa em seu início. Chegou até a viajar para Balsas com o conjunto, naquela inesquecível temporada, e participou de muitos bailes em Fortaleza. Enriqueceu o Big Brasa não só com a sua voz, mas também com sua maneira vibrante de tocar e de cantar. O Dummar se empolgava muito quando cantava, sentindo a música e transmitindo sua vibração para todos os demais. Uma se suas características marcantes era a forte “batida” que fazia ao violão e guitarra. Muito inteligente, simples, possuidor de um carisma especial e apreciador de conversas sobre música, temas espirituais e esotéricos. Além de continuar a compor, escreveu também um livro de poesias. Atualmente, tem como sua atividade principal a Medicina e possui uma clínica em Fortaleza.

Edson Belém - guitarrista. Seu repertório tinha músicas muito animadas. Cantava, entre outras, “Cabelos Longos e Idéias Curtas” de forma especial, com expressões corporais divertidas,  de vez em quando fazia como se estivesse chutando uma bola ou coisa parecida e jogava a perna para o ar.  Apesar do pouco tempo que esteve com o grupo, marcou sua presença. Soube  que ele esteve na França, a serviço, por algum tempo.
 
Edson Girão Rios - guitarrista-base e vocalista. Grande companheiro e amigo. Excelente e criterioso músico, apreciador e conhecedor de muita harmonia musical, além de possuir um ótimo e variado repertório. Detalhista ao extremo, meticuloso. Se um acorde qualquer não estivesse certo, inserido na hora exata, tínhamos que ensaiar tudo de novo. Às vezes até chegava a exagerar, pensávamos. Isso porque desejava fazer tudo bem feito. Sempre muito zeloso com o seu instrumento, preocupava-se também com a aparência geral de todo o conjunto. O Edson foi um dos participantes do Big Brasa que ficaram mais íntimos lá em casa. Hoje em dia continua atuando com grande destaque na noite cearense.
 
Edmundo Reis Bessa - Edi - baterista. Carinhosamente apelidado por nós de “Peito de Pombo”.  O Edi foi indicado para o conjunto em face da saída do Severino, por motivos profissionais. Em um dos “festivais”, ou seja, bailes animados por dois ou três conjuntos, muito comuns na época, no Líbano, Diários e outros clubes de Fortaleza, encontramos o Edi tocando com o conjunto musical “Os Monkeys”. Ele estava desmontando sua bateria, vestido com uma camiseta do Flamengo, todo suado, com barba grande e tudo a que tem direito. O meu pai, ao ver aquela figura, totalmente ao contrário do que ele imaginava ser “certo”, perguntou para mim, com jeito de quem comeu e não gostou: João Ribeiro, é este o rapaz que você falou? Perguntou, decepcionado. Ao que eu respondi afirmativamente, dizendo: É sim, pai, o cara é esse aí mesmo. Toca bateria muito bem e, segundo me disseram, é uma pessoa bastante responsável. Resultado, o Edi veio para o Big Brasa e chegou para ficar. Excelente profissional, respeitador, amigo, “topador” de qualquer parada. Hoje, de vez em quando é citado como exemplo, pelo Mestre Alberto, de que “as aparências enganam”, como diz aquele ditado. Atualmente o Edi é comerciante, professor de Matemática e dirigente de uma Escola de 1º e 2º Graus em Cascavel, Ceará.

Eudes - Francisco Ferreira Filho - baterista. Pertencia ao conjunto “Os Belgas”. Esteve no Big Brasa cumprindo algumas funções em substituição ao nosso baterista, impossibilitado por motivo de força maior. Todas as vezes que se apresentou com o conjunto fez muito sucesso. Chamava realmente a atenção por sua agilidade e malabarismos com o seu instrumento. Excelente profissional, que infelizmente já nos deixou.

Fernando - “Galba” – motorista. Trabalhou conosco muito tempo. Conhecemos o “Seu” Fernando na pracinha de Messejana, onde pegava corridas com sua rural, sempre muito bem cuidada. Era zeloso com nosso material, cumpria sempre à risca os horários determinados, e nos ajudava em tudo que podia. Nas viagens a turma tirava o maior “sarro” dele. Brincava-se demais com o “Galba”, apelido dado pelo Adalberto.   

Fernando  - “Café Copa” - contrabaixista. Revendedor de uma marca de café, dirigia uma Kombi, fazendo suas rotas em bairros de Fortaleza e no interior do Ceará. Daí o seu apelido. Participou do Big Brasa por ocasião de alguns bailes carnavalescos, intermediando um contrato para quatro bailes de carnaval em Cascavel. Versátil, sabia também tocar guitarra e cantar. Era um camarada muito divertido e gozador, brincava com tudo e com todos.
 
Getúlio Alberto Ribeiro da Silva – meu irmão e mascote do Big Brasa. A presença do Getúlio com seus cabelos grandes, embora ainda criança, tocando um pandeirinho, causava grande admiração por estar entre um grupo de música jovem. Nos primeiros anos de existência do conjunto tinha seu próprio fã-clube. Acompanhou o Big Brasa na temporada de Caxias, Estado do Maranhão, onde fez um sucesso enorme com o público em geral e em diversos bailes realizados em Fortaleza.
 
João Ribeiro da Silva Neto - Beiró - guitarrista-solo, tecladista e vocalista. Vocalista apenas em back-vocal, com se diz hoje. Desde novo estudei música e dediquei-me à profissão com todo o entusiasmo possível.  Como guitarrista-solo do conjunto sempre procurei “tirar” de meu instrumento todos os sons possíveis. E tentava os sons “impossíveis” com a auxílio de pedais de efeitos diversos. Pelos solos, efeitos e improvisos agressivos, cheguei a ser considerado um dos melhores guitarristas do Norte e Nordeste, segundo comentários da imprensa local sobre o meio artístico e publicação da TV Rádio e Revista. Em um dos shows do cantor Ednardo, no Teatro José de Alencar, lembro que fui muito aplaudido por um dos improvisos na guitarra. Meu objetivo principal foi o profissionalismo: ser um músico correto, tanto com meus companheiros quanto com o público em geral. Sempre busquei o aprimoramento das técnicas musicais, procurando fazer o melhor possível dentro das possibilidades existentes. O que hoje em dia se chama de “Qualidade Total”, cujo princípio é, “fazer certo da primeira vez”, eu, por intuição, procurava empregar no Big Brasa naquela época. Atualmente trabalha com fotografias e filmagens, além de dirigir a parte técnica e editorial do Portal Messejana.
 
João Sales Filho – “Joãozinho”, o “Lennon”. Guitarrista, tecladista e cantor. Ingressou no Big Brasa através da indicação de um amigo. Em seu primeiro ensaio facilmente adaptou-se ao grupo. Cantava um repertório variado, sempre com músicas de sucesso. De relacionamento fácil, o Joãozinho integrou-se bem ao nosso grupo musical. Com a aquisição do primeiro órgão eletrônico, interessou-se pelo instrumento e  aprendeu alguns acordes rapidamente, o suficiente para que passasse a tocá-lo. Depois desenvolveu sua harmonia, acompanhando as músicas com bastante desenvoltura.

Lurdinha - vocalista. Participou do conjunto por uns dois anos. Com sua bonita voz pudemos diversificar nosso repertório com mais sambas e forrós. Tinha muita presença em palco, possuía técnica vocal e sabia se apresentar como uma verdadeira cantora profissional. Suas músicas sempre animavam muito os bailes. A Lurdinha fez muito sucesso nas festas tocadas pelo Big Brasa, em Fortaleza e no interior do Estado. Foi a única presença feminina em nosso grupo.
 
Luciano Franco - contrabaixista. Excelente músico, profissional correto e amigo de todos. Além de tocar contrabaixo,  também é um ótimo tecladista. Sempre muito calmo e alegre, fazia uma harmonia super completa. Por sua ótima percepção, além da marcação baseada nos acordes convencionais, feita no contrabaixo, às vezes conseguia fazer variações espetaculares e alcançar notas incríveis, logo incorporadas aos arranjos musicais do Big Brasa. Participou conosco de muitos bailes e de diversos programas Show do Mercantil, na TV Ceará.
 
Lucius Maia Araújo - contrabaixista e vocalista. Manteve seus primeiros contatos com o conjunto no Clube Recreio do Funcionário e depois no América Futebol Clube, quando cantou “Taxman”, dos Beatles. Com sua boa voz e inglês fluente não admitia cantar uma música em que uma só palavra estivesse em dúvida. Isto porque naquele tempo as letras das músicas quase sempre tinham que ser copiadas do próprio disco. De gosto musical refinado, escolheu músicas que enriqueceram o repertório do Big Brasa por longo tempo. Tinha muitos discos e neles pesquisava para montar seu repertório.
 
Luiz Antônio Alencar - O “Peninha” - guitarrista-base e vocalista. Aficionado por música, em especial pelos rocks pesados dos “Rolling Stones” e pela música dos Beatles, dentre outros grupos famosos. Destacou-se no conjunto por seu repertório de músicas em inglês, as quais na maioria das vezes, o Big Brasa as usava nos momentos em que os bailes estavam precisando de maior animação. Muito inteligente, aprendeu inglês ainda cedo. A origem do apelido “Peninha”, evidentemente, foi em virtude de ele ser “um pouco” desastrado com os equipamentos, cabos e tudo mais. Nas viagens do conjunto sempre tinha uma imitação para fazer, como a daquele personagem da televisão “Zé Bonitinho”. Imitava também até mesmo seus próprios parentes, o que para nossa turma funcionava muito bem.  Gozador ao extremo, chegava a irritar o Getúlio, ao cantarolar uma simples introdução de uma música que ele não gostava.

Seu ingresso no Big Brasa ocorreu durante a realização de um pequeno festival na sede do Messejana, em um domingo à noite, organizado pela paróquia local. Ele cantou Penny Lane e todos ficamos entusiasmados no sentido de que ingressasse no Big Brasa.

Por simples piração, houve um dia em que o Peninha faltou uma festa de término de curso, que o Big Brasa animou no Clube de Regatas. Foi encontrado na mesma noite tocando no Clube Líbano, com outro grupo. Muita vergonha e dificuldade para nós, pois o repertório do Big Brasa estava quase todo nas mãos dele e eu tive que solar praticamente a noite inteira, melancolicamente. Nem é bom lembrar, foi um fracasso. Por esse fato, na semana seguinte quase “decapitamos” o Peninha ...

Em outra ocasião, no Balneário, ficou tão empolgado com a música e com a platéia, que começou a girar seu microfone, segurando-o apenas pelo cabo. Quando eu vi aquela cena, do outro lado do palco, me preparei para o pior, visto que se o cabo ou o plug se rompessem o microfone sairia voando a uns mil por hora e poderia atingir alguém de maneira fatal. Dito e feito. O cabo chegou a quebrar e eu pude ver toda a trajetória daquele pobre microfone, que por pura sorte nossa e das eventuais vítimas, atravessou o palco e chocou-se violentamente no suporte do prato da bateria, que amorteceu o impacto.

Luis Alberto Magalhães - Luisinho - vocalista e guitarrista-solo e líder do excelente conjunto musical “Os Faraós”, formado por quatro irmãos (Vicente, Antônio, Sebastião e o próprio Luis), fez muito sucesso em Fortaleza na mesma época em que existiu o Big Brasa. Participamos juntos (Big Brasa e Faraós) de vários “festivais”, motivos de intensa publicidade e repercussão em Fortaleza.

Com sua excelente voz, o Luisinho conseguia interpretar os maiores sucessos internacionais e nacionais do momento empolgando a todos. O som de sua guitarra-solo era característico, pois eu podia saber perfeitamente quando ele estava tocando, mesmo antes de entrar no clube. Sempre muito assediado por fãs, até a dissolução do seu grupo. Mais tarde um pouco nos unimos por mais ou menos três anos em uma sociedade - “Big Brasa” e “Faraós”, onde eu participava como tecladista, sendo nosso trabalho musical bastante reconhecido pela boa qualidade do repertório, arranjos e principalmente pelos inúmeros equipamentos e efeitos especiais que utilizávamos, sempre impressionando com novidades a todos que nos assistiam. Posteriormente iniciou sua carreira solo, mais uma vez obtendo merecido sucesso em Fortaleza. Atualmente o Luisinho desenvolve seu trabalho musical à frente de um novo grupo musical -“Luisinho Magalhães e Banda”- muito solicitado para os principais eventos musicais da cidade. 
 
Marcos Oriá - guitarrista-base e vocalista. Participou ativamente do conjunto durante o seu  primeiro ano de existência. Colaborou também na formação de nosso primeiro repertório, sempre com sugestões musicais de bom gosto. Cantava boa parte das músicas. Foi quem desenhou e pintou o nome “BIG BRASA” em nossa primeira bateria. Viajou com o Big Brasa na temporada de Balsas e de Teresina. O Marcos Oriá é formado em Direito.
 
Mardônio - vocalista. Participou do conjunto em um período por um bom tempo. Bom cantor apresentava-se sempre muito bem, gostava de aprender logo as músicas de sucesso e tinha postura de um verdadeiro artista. Sempre manteve um bom relacionamento com todo o grupo. Muito brincalhão, com seu cabelo comprido, fazia trejeitos de todos os tipos e às vezes até imitava um “gay”. Isso também em pleno palco, o que fez no Náutico Atlético Cearense, em um baile de formatura, quando em uma pausa na música “Pisa na barata”, tirou o sapato e ficou correndo na frente de todo mundo, desceu até o salão, tentando matar uma barata por ele inventada.  Depois recomeçou a música normalmente. Como sua brincadeira foi um verdadeiro sucesso e a turma curtiu muito, passou a repeti-la em outros clubes. Posteriormente o Mardônio continuou sua carreira artística. Chegou a trabalhar como cantor em diversas casas noturnas de São Paulo e conseguiu gravar alguns discos.

Mairton Vitor dos Santos - pistonista. Excelente instrumentista contribuiu de forma valiosa para o enriquecimento musical do conjunto. Foi trazido para o Big Brasa por seu amigo Airton França, visto que tinham sido criados juntos e tocado anteriormente em outros grupos e na banda de música do Colégio Pia Marta. Em Cascavel, durante um dos bailes carnavalescos que ali tocamos, ao entrar no clube, pouco antes do horário de iniciarmos a festa, e com uma fantasia completa de palhaço, disse para o porteiro: “O pistonista do conjunto é um verdadeiro palhaço”, ao que  o cara riu muito na hora. Muitas vezes, no retorno dos bailes tocados no interior, para Fortaleza, parávamos em bares ou pequenos restaurantes de beira de estrada para tomar o café da manhã. Ele então, descia do carro com a cara toda amassada, de quem realmente trabalhou a noite inteira, sentava-se ao lado de todos e, enquanto nós tomávamos café com leite, pão, pedia para o garçom, com sua voz rouca e grave: - Traz uma cervejinha aí, cara. Então tomava apenas uns poucos goles, como seu café da manhã. Ao final levantava-se para sair, e olhando para o Airton dizia: - Torinha, paga aí que depois a gente acerta! E voltava para o carro. Todo mundo achava graça e mais ainda o próprio Airton, que mesmo pagando as contas do amigo nunca chegou a esquentar a cabeça com aquilo.
O Mairton atualmente é o líder da banda “Sonhos Dourados”, que marca presença significativa nos principais eventos musicais de Fortaleza.

José Marcílio Mendonça Ferreira - excelente músico e companheiro. Participou de um carnaval com o Big Brasa em Cascavel, como cantor. Como vocalista e instrumentista, por um longo período fez parte do Quinteto Agreste, grupo que conseguiu muito sucesso em Fortaleza durante sua existência. Atualmente o Marcílio é proprietário e coordenador musical de um ótimo e bem sucedido estúdio de gravações digitais de Fortaleza, o “Proaudio Studio”, que possui equipamentos de gravação modernos, de última geração.

Messias - saxofonista. Bom músico, de sopro forte e muita resistência. Participou, como músico contratado, de dois carnavais com o Big Brasa. Em Cascavel, durante um dos últimos bailes, quando chovia muito em toda a cidade e o clube enfrentava um verdadeiro “toró”, nosso pistonista baqueou na parte final da festa. Ele então ao se ver sozinho como instrumentista de sopro, desceu do palco repentinamente e desapareceu na multidão sem avisar nada. Como o baile ainda estava na metade, eu fiquei muito apreensivo, visto que teria que ficar o resto da noite solando as músicas no órgão juntamente com o cantor, nada agradável para uma orquestra de carnaval. Mas para minha surpresa, o Messias retornou instantes depois, aparecendo de repente no palco, todo molhado e somente de calção. Aí eu pensei que ele tinha ficado maluco, mas não. Ele pegou o sax, nele afixou um microfone, e gesticulou para mim no sentido de que dali para a frente seria com ele, ou seja, iria comandar o repertório. E assim foi, o cara se garantiu mesmo. Solo após solo, com muita resistência, ele foi até o final da festa.

Sérgio Alves da Silva - bigu. Nosso vizinho até bem pouco tempo, ainda mora em Messejana e continua nosso amigo. O Sérgio, além de ter sido meu colega de infância, companheiro de jogo de futebol de botão, de campo, e também de um “carteado” nas férias, teve longa permanência no Big Brasa. Esteve presente tanto nas funções realizadas em Fortaleza, quanto no interior do Estado. Aprendeu a controlar e a conferir todo o material do conjunto de maneira que não faltasse nada. Eram muitas caixas de som, amplificadores, cabos e acessórios diversos que não podiam faltar. Por vezes ficamos juntos até o sol raiar, para transportar nosso equipamento para casa.

Inúmeras vezes o Sérgio também me ajudou a reformar e a executar manutenções periódicas nos equipamentos do conjunto, além de me auxiliar em funções musicais diversas em Fortaleza, como casamentos e recepções. Às vezes tinha um problema de deslocar a omoplata e quando isso acontecia, por mau jeito ou muito esforço, tínhamos que colocar o braço dele de volta “na marra”. Foi operador de microfone, câmera-man e atualmente é operador de áudio na TV Educativa, hoje TV Ceará (TVC).
 
Severino Tavares, “Ziglim” - baterista.  Quando nós ainda estávamos por definir qual seria o nome do conjunto, para que pudéssemos pintá-lo na bateria e fazer nossa estréia no Balneário, em uma conversa entre nós ele disse: “Big Brasa”. O pessoal se entreolhou naquele momento, porque vários nomes já tinham sido sugeridos, mas houve aprovação geral. O Severino ingressou no conjunto no seu início. Desenvolveu suas habilidades na bateria pouco a pouco e com o passar do tempo firmou-se como um baterista que tocava “para o conjunto”, isto é, talvez por não possuir muita técnica, limitava-se a fazer tudo certinho, conforme os ensaios. Uma das dificuldades de um conjunto consiste na passagem de uma música para outra. Convencionamos então um único “breque”, feito pela bateria, que daria a entrada de todas as músicas, variando apenas o andamento, a velocidade.  Hoje o Severio mantém suas ligações e é um dos colaboradores do Portal Messejana.

Silvino – vocalista. Grande amigo de todos, brincalhão, uma figura simpática e agradável. Em seu repertório sempre diversas músicas animadas. Com seu excelente timbre de voz, gostava das músicas do Tim Maia. Participou de inúmeras apresentações com o Big Brasa, integrando posteriormente o grupo vocal “The Sangue Súgares”, de Fortaleza.

Wilson Silvino de Moura - saxofonista. Participou do Big Brasa em uma boa fase. Gente fina, simples, respeitador e amigo. Com seu saxofone tenor, sabia improvisar e tinha um sopro suave. Executava algumas músicas também como solista. Após ter deixado o conjunto prestou concurso público para a Polícia Federal, onde trabalhou até se aposentar. Há algum tempo, eu vi uma fotografia em um jornal que mostrava alguns agentes federais que tinham feito uma grande apreensão de drogas em Tianguá. Pois o Silvino aparecia nessa foto, empunhando uma submetralhadora, numa posição característica, como se estivesse segurando o seu sax. Liguei para ele no dia seguinte e lhe mandei um recorte da tal foto, comentando o detalhe observado. Na oportunidade me disse que ainda tocava sax e que inclusive estava aperfeiçoando sua prática em teclados.  

Estes foram os músicos e colaboradores que marcaram presença no conjunto Big Brasa e em minha vida musical. Quisera eu possuir fotografias de todos, para aqui deixá-las registradas. Tenho certeza absoluta que todos guardam boas recordações do período que estivemos juntos. Dos bons e até mesmo de algumas momentos difíceis que atravessamos, visto que a nossa união por um objetivo único - a Música - é que fez o Big Brasa brilhar em Fortaleza, deixando esse nome bem guardado na memória de muitas pessoas. Foram inúmeras apresentações onde o grupo inteiro deixou sua marca de competência, de interesse e de responsabilidade pelo trabalho, dignificando e sempre honrando a profissão de músico.

Nota do autor - Passados vários anos do início desse maravilhoso período, restam as agradáveis lembranças de tudo que ocorreu em nossa vida musical e agradecer a Deus por ter participado destes momentos inesquecíveis.



                                                                                    João Ribeiro da Silva Neto

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